Observador do Planeta

segunda-feira, 19 de setembro de 2022

A Educação ladeira abaixo

segunda-feira, 19 de setembro de 2022


Jovens sem rumo, sem paradeiro, sem limites. Quem já teve a experiência da juventude, com seus hormônios em ebulição e humores descontrolados, sabe como é essa fase complicada. Um mundo de transformações se apresenta e se faz sentir, intensamente. Regras complicadas, difíceis responsabilidades.

Aos mais maduros, especialmente os pais e os professores, cabe dar aquela moral à galera, para uma travessia menos traumática e mais 'educativa' dessa época. Ensinamentos, talvez mais do que com exemplos do que com conselhos, estes normalmente rejeitados, ajudam a construir a personalidade e solidificar valores, aspectos de suma importância para formar adultos bem resolvidos.

É aí que os limites entram na história: o que pode, o que não pode, o que se deve, o que não se deve. O que se admite e o que não se tolera. Sem esses conceitos, a vida em sociedade seria impossível. Tem coisa que não pode, não se deve e não se pode tolerar. Como o que aconteceu, na semana passada, no centenário Colégio Pedro II, na unidade do bairro carioca de Realengo.

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O noticiário dá conta de que quinze alunos tomaram parte num episódio de sexo grupal, no último dia 15. Oito ativamente, 'em pares', e sete como voyeurs, observando os colegas e, claro, vigiando a presença da vigilância. Menores de 12 a 17 anos e uma menina de 19 - já maior - envolvidos. Uma sala num local ermo da unidade, bem no horário da mudança de turno dos inspetores. E trocas de mensagem por WhatsApp, fazendo a propaganda da violação das regras: das de conduta moral, em termos gerais, e as disciplinares, da escola.

A jovem de 19 anos, pela maioridade penal, corre o risco de ter imputado a si o crime de estupro de vulnerável. A escola revelou o caso apenas quatro dias depois, alegando a preservação dos alunos, que foram suspensos por cinco dias, sem detrimento de uma investigação policial, dada início pelas autoridades.

O caso ganhou repercussão pelo fato de se tratar de uma das instituições de ensino de maior prestígio do Rio de Janeiro e do Brasil. Fundado há 184 anos, em 1837, o Pedro II é mantido pelo Governo Federal e tem historicamente a reputação de ser um colégio de excelência, cujo ensino vem favorecendo a aplicação de seus alunos para as melhores universidades. A disciplina da escola também tem um bom histórico, pelo menos até a lacração que começou nos estertores dos governos petistas.

O Pedro II, atualmente, possui catorze unidades e cerca de 13 mil alunos. Possui, também, uma penca de problemas com regras de conduta e convivência, por influência canhota, que vêm afetando o sucesso do colégio naquilo a que ele se propõe: formar cidadãos.

Desde quase uma década atrás, a escola vem sofrendo a influência de um forte ativismo esquerdista, especialmente no quesito ideologia de gênero. Em setembro de 2016, uma portaria listou o uniforme do colégio, sem distinguir as peças como sendo específicas de uso masculino ou feminino. Antes, as meninas deveriam usar saia e camisa branca com viés azul e os meninos, calça de brim e camisa totalmente branca. Na prática, liberou-se o uso de saias pelos garotos, que era o que se pretendia de fato.

Naquela época, a demência fingida quanto às especificidades do vestuário dos alunos, da parte do reitor Oscar Halac, foi explicada pela intenção de não se fazer distinção de gênero nem constranger alunos trans, cumprindo, deste modo, uma resolução do Conselho Nacional de Combate à Discriminação LGBT (um órgão ligado ao Ministério da Justiça). As opções de uniforme ficaram em aberto, propositalmente, embora o reitor tenha reconhecido que essa decisão pudesse 'causar certo furor', pela própria tradição do Pedro II. Palavras dele, na ocasião, fechando seus próprios argumentos: 'tradição não é sinônimo de anacronia, mas pode e deve significar nossa capacidade de evoluir e de inovar'.

Fato é que a gente sabe exatamente o que se pretende com a usurpação de costumes e normas sociais, em especial no âmbito do ensino público. Certo tipo de manifestação não se vê em escolas ou universidades privadas, mas a dispersão de responsabilidade dentro do serviço público favorece que haja certa frouxidão nas instituições letivas do governo.

No Brasil, com o avanço do sucesso da campanha de Bolsonaro à reeleição e a percepção fortemente disseminada, no mundo, de sua importância para o reequilíbrio das forças políticas do planeta, a partir da vitória sobre a ascensão do comunismo, os ataques gramscistas vêm se intensificando nos três principais flancos históricos, na pretensão de destruir as bases da sociedade tais como as conhecemos.

Nas artes, as hostilidades dos órfãos da Lei Rouanet culminaram, esses dias, com o lançamento de um hino contra aquele que eles resolveram chamar de 'o inominável'. Sendo inteligente, você sabe quem ele é e, principalmente, que ele não é o que essa turma apregoa ser.

Na imprensa, ah, a extrema imprensa, o noticiário tenta, tenta, tenta muito, mas não consegue emplacar crimes contra ele, o que faz com que se inventem ou se distorçam fatos, para desenvolver narrativas, que acabam abandonadas (por sua incapacidade de gerar interesse) e esquecidas nas gavetas das redações.

E, na Educação, sobra para toda uma geração perdida, condenada a não desenvolver discernimento suficiente para compreender o mundo tal como ele realmente é. Forjam-se zumbis reféns de discursos erráticos ou vazios, criados com o intuito da manipulação perene de mentes frágeis, cooptadas para a aceitação cega de todo tipo de mentira contra exatamente quem trabalha para libertá-las dos grilhões da ignorância fabricada.

O projeto das escolas cívico-militares, não por acaso, é um caminho de luz. Ideia do Presidente, pautada no mesmo nível de excelência das escolas militares e de colégios como o Pedro II, vem como uma escolha crucial a se pôr diante da realidade de milhões de crianças e adolescentes, para que se tornem boas pessoas, com formação intelectual e moral digna.

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Talvez o episódio da orgia escolar não seja o único desses nossos tempos atuais. Talvez nem seja o delito mais grave que temos observado nas nossas casas letivas, embora possa caracterizar crime pelas circunstâncias. Mas, certamente, acende mais um alerta vermelho quanto à necessidade de corrigir os rumos e dar estradas retas, para que a nossa garotada siga, em segurança, para o futuro.

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domingo, 11 de setembro de 2022

Mulheres que fazem a diferença

segunda-feira, 12 de setembro de 2022


O mundo perdeu, no último dia 8, uma mulher de importância indiscutível na História contemporânea. Uma figura de destaque em acontecimentos determinantes do planeta, que deixou impressa sua marca em 70 anos de reinado.

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Elizabeth Alexandra Mary, a Rainha Elizabeth II (ou Isabel II, nos termos como se referem os portugueses), Rainha do Reino Unido e dos Reinos da Comunidade de Nações, assumiu o trono em fevereiro de 1952, com 26 anos.

Com 19 anos, em 1945, a então princesa Elizabeth juntou-se ao Auxiliary Territorial Service (Serviço Territorial Auxiliar, em tradução livre), um grupamento de mulheres que serviam como voluntárias em funções variadas para o exército britânico. A família real foi aconselhada, na época, a se refugiar do conflito mundial no Canadá, com o que não concordou, mesmo sendo Londres uma cidade extremamente visada pelos bombardeios nazistas. Mais do que simplesmente não deixar o país, Elizabeth cerrou fileiras no campo de batalha da Segunda Grande Guerra, o que explica e justifica a inquestionável admiração do povo britânico por ela.

Em 1947, casou-se com o Duque de Edimburgo, com quem viveu por 73 anos, um amor de infância que ensejou troca de cartas desde seus treze anos de idade. O casamento, o primeiro a ser televisionado na História, contrariou a opinião dos conselheiros reais, que não achavam o noivo, Philip, Príncipe da Grécia e Dinamarca, um homem à altura da responsabilidade de ser o marido da futura rainha. Tanto por sua origem estrangeira, quanto pela existência de parentes alemães, inclusive suas três irmãs, que não foram convidadas para a cerimônia.

A monarca mais longeva da história da coroa britânica passa para a posteridade como uma digna representante do que deveria ser entendido como feminismo. 'Deveria', se feminismo fosse compreendido no âmbito de feitos verdadeiramente importantes, empreendidos por mulheres, que engrandeceram a humanidade.

Propôs-se ao desafio de viver a guerra de perto, encarou com firmeza o destino de comandar seu país, enfrentou a resistência tentada impor à sua escolha particular, para a vida conjugal. Foi, por esses e tantos outros feitos, uma mulher forte, ciosa da responsabilidade de ter seu nome inscrito na História.

Nem todas as ações de mulheres de destaque no mundo de hoje estão em sintonia com a causa do seu autêntico fortalecimento social ou político, que o neologismo 'empoderamento' tem a pretensão de significar.

Como, também, vários feitos históricos em benefício das mulheres, indistintamente realizados por mulheres ou homens, acabaram sendo mal interpretados e até rejeitados, por muitas delas. Há um exemplo que me parece bastante emblemático, de anos atrás, trazido à baila pelo Papa Emérito Bento XVI.

Em 8 de março de 2009, um Dia Internacional da Mulher, o L'Osservatore Romano, jornal oficial do Vaticano, publicou uma reportagem com o título: 'A máquina de lavar e a emancipação da mulher'. Contra o teor da matéria, que defendia o eletrodoméstico como verdadeiro símbolo de libertação feminina, vieram reações raivosas, indignadas ao extremo, defendendo como emancipadoras outras realizações, como o trabalhar fora, o acesso à pílula anticoncepcional e a liberalização do aborto.

Bento XVI foi alvo dos piores deboches por parte da mídia mundial. Na TV Globo, o domingo facilitou que se compusesse uma vinheta, veiculada a cada intervalo comercial do Fantástico, para introduzir opiniões de 'especialistas' - aqueles que a gente conhece bem, garimpados nos botequins da vida - sobre o assunto. Uma deputada do parlamento italiano chegou a dizer que o jornal deveria 'discutir a realidade, como o medo que as mulheres sentem quando estão nas ruas ou entre as paredes de suas próprias casas, em vez de entrar num debate abstrato sobre o sexo'.

Pouca gente conseguiu assimilar o que a reportagem pôs à mostra e, assim, o ridículo proposto pelos argumentos (ou pela falta deles!) da geração Paulo Freire, aquela que é incapaz de uma interpretação de texto das mais básicas, calou a discussão. Pena que nem professores de História, que deveriam conhecer como caminha a humanidade, se mostraram aptos a iluminar o caminho do pensamento, nessa hora.

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A rainha dos memes da internet, lembrada sempre exatamente por sua longa experiência de vida e participação em vários dos momentos importantes da História, nos séculos 20 e 21, saiu de cena. Chegou o seu tempo, como acontece com todos. O que vem à mente, quando nos damos conta dessa perda, é torcer para que, cada vez mais, se destaquem, em sua real importância, mais mulheres com o mesmo brio e igual talento. Que surjam novas 'Elizabetes', no mundo, para ensinar um pouco da sabedoria e da arte de ser uma grande dama.

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segunda-feira, 5 de setembro de 2022

Respeitem o Museu Nacional!

segunda-feira, 5 de setembro de 2022


Nesta sexta-feira, dia 2, fez quatro anos que o Brasil perdeu um de seus museus mais icônicos, parte significativa da própria História do país, de seus tempos de colônia de Portugal e de Império das Américas. Num domingo quente de 2018, a casa de força do Museu Nacional, da Quinta da Boa Vista, ardeu em virtude de um curto circuito, igual a muitos outros que ocorreram, por inúmeras vezes. A última delas, por sinal, no domingo anterior ao fogo que devastou o Palácio Imperial, pouco mais de uma hora depois do fim do horário de visitação.

O único vigilante que tomava conta do prédio nada pôde fazer, além de chamar os Bombeiros, é claro. Como nada fez também o sistema de prevenção contra incêndio, destroçado pela falta de manutenção e pela absoluta irresponsabilidade dos administradores da instituição.

Em plena Semana da Pátria, enquanto São Paulo reinaugura o Museu do Ipiranga, em comemoração ao Bicentenário da Independência, no Rio deu-se um evento patético: a 'reinauguração', com pompa e circunstância, da fachada, isso mesmo, da fachada do Paço de São Cristóvão. Ornada com disfarces para esconder que o edifício remanesce em escombros até hoje, como se o incêndio houvesse acontecido há poucos dias e já não tivessem sido consumidos centenas de milhões de Reais na recuperação do prédio.

A pergunta que não quer calar é: quem matou - e continua matando - o Museu Nacional?

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Depois do princípio de incêndio de 26 de agosto de 2018, uma semana antes da tragédia, provocado por um gato (não a ligação clandestina, mas um bicho, que acessou, como muitos outros, em ocasiões anteriores, a casa de força, provocando contatos elétricos que não deveriam ser provocados), parte significativa do acervo chegou a ser recolhida do museu, nos dias seguintes, deixando redomas ostensivamente vazias. Uma retirada frenética de itens aconteceu nos três dias que antecederam o fogo, o que, na boa vontade, pode-se creditar ao pressentimento de uma tragédia anunciada. Na má vontade, contudo... Recomenda-se investigar mais a fundo.

Fato é que, pelo menos desde 2016, o Ministério Público Federal e a Polícia Federal já tinham conhecimento de episódios de incêndio e até de furto de acervo. Como se não bastassem esses eventos pregressos, desde algumas semanas atrás, o portal do Diário do Rio vem repercutindo reportagens do Jornal do Brasil, que denunciam um esquema de corrupção nas obras, com uso irregular do dinheiro destinado à reforma do Museu, que vem sendo desviado de sua finalidade, sob as barbas de quem deveria zelar por ele.

Todos esses acontecimentos se juntam para atestar o óbvio: a Universidade Federal do Rio de Janeiro não tem condições de gerir o Museu Nacional. E ponto. Desde os anos 1940, quando aconteceu o primeiro incêndio no palácio, de pequenas proporções, isso vem sendo discutido. Mas a vinculação do museu à universidade, ainda que inadequada por uma série de aspectos administrativos, acabou prevalecendo.

Em 1991, o Banco Mundial fez uma oferta, de US$ 80 milhões - cerca de R$ 400 milhões pelo câmbio atual - para assumir o museu e dotá-lo de condições adequadas de funcionamento. A negociação se deu por intermédio do ex-prefeito Israel Klabin, que fora aluno de Engenharia da Escola Politécnica. Mas o meio acadêmico da UFRJ deu chilique, esperneou com a 'ousadia', e a vaidade da 'autonomia universitária' fez valer a sua força: aí, nada de 'intervenção externa'.

O valor desse investimento deixado de fazer, há 30 anos, equivale ao montante que se prevê gastar, hoje, para reconstruir, dentro do possível, o museu, a partir de suas cinzas.

A reforma que vem sendo conduzida - ou que não vem sendo conduzida, já que o cenário de destruição do local é basicamente o mesmo de quatro anos atrás - tem ainda outro aspecto a ser discutido. Os gestores da reforma do Museu Nacional precisam compreender que o Rio de Janeiro e o Brasil não querem uma ruína gourmet. De paredes brutas, com tijolos sem emboço, e vigamentos de aço sustentando passadiços modernosos, saídos das alucinações de arquitetos cuja criatividade mostra-se sem compromisso com o valor e a história do Palácio Imperial. O Paço de São Cristóvão merece e precisa ser reconstruído segundo seu aspecto original. Há um resgate a ser conduzido, com critério e, acima de tudo, responsabilidade. Não existe escolha: a descaracterização é inegociável e deve ser refutada com todos os argumentos e por todos os meios.

Respeitem, pois, o Museu Nacional!

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Em breve, numa nova oportunidade, vou me permitir falar de outras mazelas que remetem à UFRJ. Não por implicância gratuita, mas pelo alerta contra o seu desmantelamento. Exatamente pelo carinho que possuo pela universidade. Tenho dez dos meus 60 anos vividos na Ilha do Fundão, como aluno de graduação e de mestrado, tempo durante o qual aprendi, junto com os ensinamentos dos Professores, a valorizar e respeitar aquela casa. Casa, no sentido mais acolhedor que a palavra possui.

Quero crer que entremos, a partir do ano que vem, numa nova fase do processo de recuperação das instituições públicas de ensino, em particular das de ensino superior. Nossas universidades têm gente competente, para que se tornem centros verdadeiros de produção de conhecimento. Sem paixões políticas insanas nem contaminação ideológica de efeitos devastadores.

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segunda-feira, 29 de agosto de 2022

Justiça sem juízo

segunda-feira, 29 de agosto de 2022


O dístico da Bandeira Nacional é categórico em relação ao que os brasileiros pretendem para o seu país: Ordem e Progresso. A expressão dessa ordem está na liberdade de expressão e de opinião; de escolha de preferências as mais diversas, das político-ideológicas às de credo e de opções de modo de vida; de exercício profissional amplo, regido somente pelo conhecimento técnico, amparado e norteado pela bússola moral. O progresso, por seu turno, vem das conquistas obtidas pela sociedade, por meio do exercício sadio e bem orientado dessa liberdade.

Entretanto, tem gente a quem a liberdade parece incomodar, ou até intimidar. Gente essa que, em reações absolutamente estapafúrdias, tenta impor normas saídas de sua mente doentia como se fossem dispositivos legais, estabelecidos de modo legítimo pela sociedade.

Qual é o limite da tolerância aos abusos cometidos pelo poder constituído ao qual deveriam caber a observância às leis e a mediação (em vez da multiplicação) de situações conflituosas?

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O ministro Alexandre de Moraes - a gente evita o quanto pode pronunciar esse nome, mas, funestamente, as circunstâncias nos obrigam a fazer isso, a cada nova suprema presepada - decidiu, depois 'desdecidiu', em parte, pelo menos, proibir a propaganda oficial do Governo Federal, em comemoração ao Bicentenário da Independência, veja só. Na visão tosca do nosso todo poderoso imperador eleitoral, haveria 'viés político' no conteúdo.

Na primeira decisão, que vetou a propaganda por completo, Xandão I, O Glande, fala, em seu despacho, em 'slogans e dizeres com plena alusão a pretendentes de determinados cargos públicos, com especial ênfase às cores que reconhecidamente trazem consigo símbolo de uma ideologia política'. A mais lustrosa das cabeças de nossas cortes, ela sim, com isso, conseguiu imprimir viés político-ideológico, de modo escancarado, às cores da bandeira do Brasil, praticamente estabelecendo que elas fossem prerrogativa ou propriedade de um grupo.

Pouco mais de um mês atrás, a juíza Ana Lúcia Todeschini Martinez, titular do cartório eleitoral de Santo Antônio das Missões e Garruchos, duas cidades do oeste gaúcho, sendo esta última quase na fronteira com a Argentina, chegou a advertir a representantes de partidos políticos que a bandeira do Brasil seria considerada 'propaganda eleitoral', a partir do início da campanha, por ter-se 'tornado marca de um lado da política no país'. Essa sandice foi logo posta por terra por decisão do TRE-RS, entendendo que a interpretação da juíza era pessoal e frisando o disposto no parágrafo 1° do artigo 13 da Constituição Federal, que concebe a bandeira como um dos símbolos nacionais.

Às vezes, soa como se o judiciário brasileiro tivesse seu próprio estandarte; sua própria bandeira. Que ganha vida própria, em total desserviço à Justiça do país.

Pelo andar da carruagem conduzida pelo TSE, logo teremos a mobilidade das cidades brasileiras travada, pelo impedimento de se acenderem as luzes verdes e amarelas dos sinais de trânsito, acusadas de promover campanha irregular em prol de uma candidatura específica. (Quanto às vermelhas, bem, provavelmente a corte não verá problema em permitir que essas sejam usadas.) Margaridas e girassóis, de repente, serão vetados nos jardins públicos, por fazerem essa mesma referência. Enfim, chifres diversos surgirão em cabeças de porcos e de cavalos, em surtos alucinatórios deflagrados de ofício, ou com o auxílio luxuoso de figuras saltitantes que orbitam junto à sagrada cúpula do judiciário, mesmo sem terem qualquer relevância ou autoridade para isso.

Mas, que interessante, toda essa falta de seriedade estampada em decisões recentes da suprema corte nos tem dado uma boa contribuição, apesar dos danos causados à sociedade: está abrindo os olhos de um número cada vez maior de pessoas, para a necessidade de mudanças profundas, radicais, na estrutura de comando e administração do Brasil.

E, a propósito, mexer com o nosso Sete de Setembro, que já se agigantou vivamente no ano passado, é atingir o brio de milhões de brasileiros, que não se perca isso de vista! São pessoas, muitas pessoas, incontáveis, que tornarão às ruas este ano, daqui a uma semana, para mostrar que todo poder emana do povo. Que o exerce por meio de representantes eleitos ou diretamente, nos termos da verdadeira carta da democracia: a Constituição Federal.

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segunda-feira, 22 de agosto de 2022

Quem tem medo da verdade?

segunda-feira, 22 de agosto de 2022


Em 2004, o jornalista americano Larry Rohter, do New York Times, radicado no Brasil, na época, havia mais de 30 anos, publicou uma reportagem que quase custou a sua expulsão do país, a mando de Lula. A matéria tratava da conhecida predileção do ex-presidente por bebidas fortes, vício que estava afetando seu desempenho no gabinete do Palácio do Planalto.

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Bebo porque é líquido: se fosse sólido, eu comia, diz uma galhofa comum de se ouvir.

Naquela ocasião, o ministro interino da Justiça, Luiz Paulo Teles Ferreira Barreto, chegou a considerar inconveniente a presença do jornalista no território nacional e determinou o cancelamento de seu visto temporário, 'nos termos da Lei'. O que não ocorreu.

O conteúdo do texto censurado é irrelevante, independentemente de ser verdadeiro ou falso. Mas a reportagem também causou certa repulsa pela 'ousadia', da pretensa 'ofensa' de um estrangeiro falando mal de um presidente brasileiro no Brasil. Contudo, o que sobressai, nesse episódio, é o aspecto do respeito à liberdade de expressão, que, por sua vez, se reflete na liberdade de imprensa. Dois pilares fundamentais da democracia, para cuja defesa está prevista em Lei a reparação por eventuais excessos cometidos, se for o caso.

'É livre a manifestação de pensamento, sendo vedado o anonimato', diz o inciso IV do artigo 5° da Constituição Federal.

Lula já se revelava um detrator das liberdades, com essa reprovável tentativa de demonstração de força. E o desejo de pôr em prática esse controle nocivo sobre a difusão de informação continua à flor da pele, pelo que o candidato tem manifestado em seus discursos de postulante ao retorno ao Planalto.

Mas a preocupação do petista talvez tivesse outras razões, naquela época, que não somente a revelação do pendor incontido pelos alcoólicos. Larry Rohter estava investigando algo que Lula, o PT, o Supremo Tribunal Federal e meio mundo não quer que seja investigado: o rumoroso assassinato do ex-prefeito de Santo André, Celso Daniel.

Numa reportagem sob o título 'Acusações de corrupção vêm à tona com morte de prefeito brasileiro', Rohter afirmou que 'quando Celso Daniel foi sequestrado e morto a tiros, líderes do Partido dos Trabalhadores se apressaram em culpar esquadrões da morte ligados à direita'. A Polícia acabou fechando o caso alegando que o prefeito teria sido vítima de um 'crime comum'. Uma vez reaberto o processo, dois anos após o homicídio, firmava-se, entretanto, a tese de que ele havia sido morto numa contenda por causa de uma 'caixinha para fins eleitorais', de muitos milhões de dólares, que, segundo seus familiares, destinava-se a beneficiar o fundo de reserva para a campanha do PT.

Até hoje, este é um crime mal resolvido. Ou não resolvido. E Celso Daniel permanece como a assombração mais aterrorizante a puxar os pés dos petistas, durante as madrugadas.

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A lembrança de Larry Rohter, neste momento, advém justo da crítica que precisamos fazer à censura que Lula e seus asseclas preconizam. O controle da mídia virou questão de honra para esses 'democratas'. E tem quem defenda essa aberração, achando que está protegendo reputações e, em última análise, a 'verdade'!

O interessante é que as mídias já vêm exercendo, sem qualquer cerimônia e com toda a desfaçatez, uma forte censura à direita, ignorando o fato de que, com uma eventual eleição da esquerda, o 'Efeito Orloff' se consumará e eles, os socialistas de i-Phone, serão os próximos censurados! Eu (censurado) sou você (censor), amanhã. É assim que funciona, se eles não sabem.

Devemos deixar bem claro que a censura que a grande mídia - e a sua cúmplice, a toga - vêm fazendo não é à mentira: é à verdade. Que vem lutando, a duras penas, por vir à tona. E, quando ela finalmente se impuser, muito pouco sobrará dos seus prostituidores, travestidos de seus donos.

De uma forma ou de outra, a verdade sempre prevalece. Está sendo assim, pouco a pouco, com a revelação das atrocidades cometidas durante a fraudemia. E não será diferente, em relação às falácias que a esquerda, tão afeita a elas, vem se divertindo em jogar ao vento.

O Brasil, com seus bons brasileiros, é muito superior àqueles que têm feito um enorme esforço para destruí-lo. Nós temos um futuro. Eles, não.

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A propósito: durante esta semana, o Jornal Nacional fará entrevistas com os quatro candidatos mais bem cotados nas 'pesquisas', que surgem todos os dias, por todos os cantos, patrocinadas por todo tipo de interessado. A última do DataFolha, por exemplo, foi contratada...  Pela própria Globo!

Há muito que esse noticiário perdeu em credibilidade, já tendo caído em desgraça na confiança do telespectador. Mas - e hoje em dia sempre tem um 'mas' nessa moda do jornalismo adversativo - pode valer a sua audiência.

Nesta segunda-feira, dia 22, o entrevistado é Jair Bolsonaro, do PL. Na terça 23, Ciro Gomes, do PDT. Na quinta 25, Lula, do PT. E na sexta 26, Simone Tebet, do MDB.

Uma boa chance de avaliar plataformas de governo e contrapor discurso e prática, não negligenciando a avaliação do passado de cada um. Essa última avaliação, então, pode até decidir o seu voto, se você pensar privilegiando a razão em relação a simpatias ideológicas.

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segunda-feira, 15 de agosto de 2022

Alerta vermelho: uma geração perdida?

segunda-feira, 15 de agosto de 2022


A era da informação plena, de acesso universalizado, com um maná quase infinito de dados democraticamente disponíveis para todos, pode estar fomentando uma espiral de desperdício, jogando pérolas aos porcos. Toda essa maravilha informativa, pronta para consumo, pode sucumbir ante uma geração incapaz de perceber o tesouro que tem nas mãos, deixando escapar conhecimento valoroso por entre os dedos. Dedinhos que deslizam, rápidos, pelas telinhas dos celulares ou dos tablets, ou tamborilam, frenéticos, pelos teclados dos notebooks.

Um trabalho de angariação de décadas, documentando o progresso do intelecto humano, está em vias de se perder, pela desvirtuação de uma juventude presa ao embotamento proporcionado pelo colorido dos memes das telas dos smartphones.

Será que vamos nos permitir perder uma geração inteira para a indolência mental e a falta de vontade de crescer como pessoas?

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Uma pesquisa da Morning Consult, uma empresa de tecnologia, mais especificamente de inteligência de decisão, fundada em Washington há oito anos, constatou que 85% dos jovens de hoje têm, como sonho de vida, não profissões tradicionais, mas serem 'influenciadores digitais'. 'Influencers', como preferem, no termo da moda. Essa atividade ganhou o mundo digital, grandemente pelo poder de encantamento exercido por pessoas que, infelizmente, nada de profundo têm a oferecer. De repente, uma legião de carentes deu projeção a filmetes de conteúdo tosco, propiciando a ascensão meteórica - e o rápido engordamento das contas bancárias - de anônimos sem qualquer talento.

Eu já li que só existem 'influencers' porque há 'idioters'. Um extremo indesejável que, o que é triste, parece ser o padrão.

Aliás, o surgimento do aplicativo chinês, amplamente usado no mundo mas, eu imagino, não na mesma intensidade onde foi criado, é muito responsável pela explosão desse fenômeno. O app veio se somar a outras redes sociais e dar conta de uma enorme demanda por entretenimento, que surgiu com a eclosão dos criminosos lockdowns, dos 'fique em casa', em todo o planeta; que, por sua vez, se seguiu a outra criação chinesa: a peste experimental gestada em tubos de ensaio. Uma sequência lógica que, decerto, não é mera coincidência.

Pela primeira vez na História, temos filhos com quociente de inteligência menor que o dos seus pais! O QI da geração que está aí é inferior ao da geração anterior, o que é dramático. Embora haja, por tradição, a percepção recorrente, dos adultos mais maduros, de que os jovens com quem convivem 'não têm jeito', pela rebeldia e pelo enfrentamento das regras sociais, bem no espírito clássico do conflito de gerações, desta vez, a transformação operada pelo mundo digital pode estar exercendo uma influência daninha no desenvolvimento intelectual de uma legião de moços, que merecia o respeito de um cuidado maior.

Devemos nos permitir que a inteligência artificial tome as rédeas das vidas de todos nós - e, aí, não somente das dos jovens? Devemos deixar que ela nos dê o mundo mastigado, para que façamos a nós mesmos engolir, sem o prazer nem o trabalho de degustar? Devemos achar interessante que algoritmos, travestidos de seletores do nosso interesse pessoal, nos influenciem as escolhas, por simplificação ou preguiça de pensar?

Se, um dia, há cinquenta anos, a televisão-babá era o problema, com seus meros sete canais analógicos em VHF e imagens em preto e branco, quando ainda oferecia conteúdo de qualidade e aliado ao desenvolvimento intelectual, o que pensar da maravilha tecnológica do mundo, sem medida e sem controle, dentro de uma telinha portátil? Tudo pode?

Precisamos revaliar, com atenção e critério, o que queremos das facilidades que nos cercam e nos tentam. E não nos deixar cair em tentação.

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segunda-feira, 8 de agosto de 2022

Obrigado, Jô!

segunda-feira, 8 de agosto de 2022


O Brasil amanheceu sem graça, literalmente, na última sexta-feira. Nas primeiras horas do dia 5 de agosto, perdemos José Eugênio Soares, inicialmente Joe Soares, definitivamente Jô Soares. Um dos maiores nomes do humor brasileiro, jornalista, escritor, dramaturgo, autor e diretor grandemente habilidoso, comediante dono de uma verve e de uma cultura que poucos têm o privilégio de ter.

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Formado para seguir carreira na diplomacia, Jô Soares era poliglota e dotado de um conhecimento certamente invejado por seus pares. E, como a maioria de seus pares, professava uma crença política de tons avermelhados, o que não o impediu de, por certo tempo, com suas 'meninas' (as Meninas do Jô), ser um crítico feroz do mal que os governos do PT fizeram ao Brasil. Pelo menos até aquela entrevista, de triste lembrança, com a ex-presidente Dilma Rousseff, no gabinete do Palácio Alvorada.

Política à parte, foram mais de seis décadas de dedicação a textos e produções sempre bem cuidados, pautados pelo argumento inteligente, digno do seu público. Com parcerias gloriosas, nas laudas e em cena, com gente do quilate de Max Nunes, Haroldo Barbosa, Renato Corte Real, Paulo Celestino, Felipe Caroni, Agildo Ribeiro, Paulo Silvino e Francisco Milani, para citar apenas alguns dos notáveis, a quem você foi fazer companhia.

Obrigado por muitas e muitas segundas-feiras, por seus textos e esquetes, no Faça Humor não Faça a Guerra, no Satiricom, no Planeta dos Homens, no Viva o Gordo, no Veja o Gordo. Obrigado pelo mordomo Gordon, seu primeiro sucesso, na Família Trapo da Record dos anos 1960 e início dos 70. E por tantos e tantos tipos e bordões, que continuam na memória e nas bocas da gente.

Obrigado pelas entrevistas de fim de noite do Jô Soares Onze e Meia (que raramente entrava no ar às onze e meia!) e do Programa do Jô. Pela graça e pela emoção que você e seus convidados nos trouxeram, naquele competente e suave talk show, em conversas dignas das melhores e mais aconchegantes salas de estar. Obrigado pelo sexteto.

Obrigado pela leitura saborosa de O Xangô de Baker Street, Assassinatos na Academia Brasileira de Letras, As Esganadas O Homem que Matou Getúlio Vargas, entre outros, e por nos legar uma tão detalhada autobiografia, nos seus volumes de A Vida de Jô.

Obrigado por tantos palcos, dos quais destaco Um Gordoidão no País da Inflação, O Gordo Ao Vivo e Viva o Gordo, Abaixo o Regime - peça esta de grande lembrança, e de grata lembrança, em especial, pelo acesso de riso que Dona Judith, minha mãe, ajudou a prolongar, numa inesquecível sessão no Teatro da Praia, em Copacabana.

Obrigado pelo riso farto, do tamanho de você. Pela mente criativa, sempre ávida por mais novidades. Obrigado por seu talento!

Beijo pro gordo!

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segunda-feira, 11 de julho de 2022

O que fizeram com a democracia?

segunda-feira, 11 de julho de 2022


Observo que a democracia, tal como nos acostumamos a ver e viver, adotada por um sem-número (a grande maioria) de países, está em perigo. A liberdade, em sentido amplo, e a vontade do cidadão vêm sendo sorrateiramente tiradas de todos, aos poucos, sem que esse processo, como um todo, seja percebido pela maioria das pessoas.

A tolerância natural que a vida em sociedade nos ensina a cultivar foi manipulada, para que direitos básicos nos sejam subtraídos, em troca de algum tipo de benesse intangível; ou em nome de uma causa maior, 'que nos deveria tocar a consciência coletiva', como a saúde, o bem-estar, o respeito a grupos quaisquer... E a própria liberdade, incrivelmente aquela que nos está sendo tirada!

Governos em todo o mundo vêm propagandeando a tal Agenda 2030 da Organização das Nações Unidas: uma lista com 17 objetivos de desenvolvimento sustentável, pretendidos de se alcançar nesse horizonte de tempo. Tudo muito desenhadinho, coloridinho, bonitinho, mas que oculta um objetivo, este sim, verdadeiro: minar a soberania das nações, sobrepondo um governo mundial àqueles legitimamente designados pelo desejo dos cidadãos de cada país, segundo suas tradições, sua história e seus anseios.

Que tipo de controle mundial se disfarça em meio a tanto palavreado técnico e tanto sentimento humanista, expressos naqueles 17 tópicos que oferecem o paraíso globalista na Terra?

Quem ganha com isso, de verdade? Seríamos nós?

Que mágica é essa, que os tiranos vêm praticando, que faz com que as pessoas os vejam como democratas? Será que o abominável experimento dos últimos dois anos ainda não foi suficiente, para que se perceba a fraude por trás do alardeado 'bem comum'?

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Faz tempo que a ONU e as demais organizações surgidas em seu bojo, após a Segunda Guerra Mundial, passaram a negligenciar o norte ético da proteção humanitária. Intervenções desastrosas em conflitos entre países, apoios a regimes pouco afeitos aos princípios democráticos e, em especial, a lida claudicante e pouco confiável com a crise da peste chinesa, pela Organização Mundial que deveria ser da Saúde, andaram desmoralizando a égide das Nações Unidas.

O discurso da Agenda 2030 é bonito, mas tem um problema: a ingerência crescente e não desejável sobre os assuntos internos dos países. Não há dúvida de que boas práticas sejam e venham a ser adotadas pelos países membros. Mas cada um deles deve saber como fazer a sua parte, sem uma tutela planetária, a título de demonstração de boa vontade.

A ONU foi criada buscando irmanar povos, auxiliar na conquista de seus objetivos comuns e lhes prestar assistência, quando se fizer necessário. Não para administrar nações em nome desses povos, que são soberanos.

A fraudemia de matéria plástica, como gosta de dizer o Jornalista Claudio Lessa, revelou verdadeiras tiranias em países até então insuspeitos de atentarem contra as liberdades dos seus povos. Austrália, França, Itália e Canadá foram algumas dessas ingratas surpresas. Todas tidas como exemplos de democracia, restringiram de modo draconiano as vidas de seus cidadãos e... Por que razão mesmo? Ah, para protegê-los da 'ameaça', invisível. Da peste? Não, do livre arbítrio!

Normas sanitárias foram vomitadas aos borbotões, sem ciência e sem critério, ditadas pela indústria farmacêutica, para que, por sua vez, a OMS, que sobrevive de generosos aportes dessas corporações, as ditasse, por meio de seus 'cientistas', a governos apavorados. Uma cadeia de obediência cega e burra logo se consolidou. Fique em casa; deixe o emprego; aceite ser sustentado pelo Estado, que lhe proverá a subsistência; use máscara; deixe-se inocular pelo que lhe for imposto; faça tudo isso não por você, mas pelos outros; e mantenha a cabeça baixa, para que a abrangência de sua visão seja convenientemente prejudicada. 

O primeiro-ministro britânico já sucumbiu, recentemente, aos desdobramentos da crise sanitária. Boris Johnson perdeu a confiança e o apoio de sua bancada parlamentar e a Rainha, agora, tem um problema. Evandro Mesquita, Fernandinha Abreu e sua trupe talvez dissessem, em uníssono: calma, Beth, calma! Ainda há alguns tiranetes para caírem. É questão de tempo, mas também de responsabilidade com as decisões coletivas, manifestadas nas urnas.

Alguns desses objetivos de desenvolvimento sustentável da ONU tratam, por exemplo, de segurança alimentar: ODS 2, Fome zero e agricultura sustentável; ODS 6, Água potável e saneamento; e ODS 12, Consumo e produção responsáveis. O Brasil vem fazendo a sua lição de casa com louvor, produzindo para suprir os próprios brasileiros e também pôr comida em pratos de outras partes do mundo. Alimentamos, hoje, uma de cada cinco bocas do planeta! E sem prejuízo da preservação da sustentabilidade do mundo, graças ao pouco uso de terras destinadas à agricultura e à pecuária, em relação ao que se pratica em outros países.

Mas, mesmo com todo esse mérito, somos atacados pela mídia internacional, como se fôssemos os grandes predadores mundiais da Natureza. E tem brasileiro que prefere acreditar nisso a informar-se melhor e admirar o esforço que vem sendo feito, para que nos transformemos no Brasil que desejamos ser.

Esse erro de percepção tem atraído gente de pouco discernimento para junto da legião que apregoa o descrédito no país como solução para os problemas nacionais. Porque os espertalhões que fazem esse jogo precisam da sensação de derrocada, para tomarem o poder e, aí sim, tornar essa derrocada um fato consumado.

É contra isso que nós precisamos lutar! O Brasil precisa da confiança e da disposição dos seus filhos, para vencer essa guerra. Não se iluda: senão todos, são muitos contra nós. Mas, se quisermos, somos fortes e podemos vencer o desafio.

Como bem disse um amigo numa postagem, esses dias, você pode perder uma eleição na democracia, mas não pode perder a democracia numa eleição.

Você já se deu conta de que precisa tomar uma decisão fundamental, mais do que para o país, para a sua vida, no próximo mês de outubro?

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segunda-feira, 4 de julho de 2022

Direito autoral x direito à informação

segunda-feira, 4 de julho de 2022


Observo que uma das formas de cerceamento da liberdade de expressão que se impõe às pessoas, modernamente, se prende à questão dos direitos autorais. Invariavelmente, temos postagens censuradas (ou ameaçadas de censura), nas mídias sociais, muito no Facebook ou no YouTube, porque haja trechos de obras que encerram propriedade intelectual, e esses provedores se imbuem do papel de defensores dos interesses dos autores, sem serem chamados a isso.

Não se trata de uma crítica ao direito autoral em si, mas à forma como isso vem sendo administrado - ou não administrado - hoje em dia. A menor exposição, involuntária, da imagem de uma pessoa ou de uma marca, ainda que fora do contexto do que se publica e sem que essa publicação seja danosa, pode sujeitar uma pessoa a processos por uso indevido da imagem; e, ao proponente da ação, beneficiar-se de um dinheiro fácil, em virtude de uma situação não intencional.

Será que, justo em tempos de comunicação avançada, com recursos tecnológicos em profusão e com o mundo sedento por informações, com cada vez mais voracidade, é correto que sejamos refreados em nosso desejo de informar e na nossa necessidade de saber, deste modo tão violento?

Quais são os limites da propriedade intelectual, por exemplo, de uma notícia? Seu aspecto perecível e seu valor como informação histórica não deveriam provocar que revíssemos o direito ao acesso a ela? Quanto vale uma matéria de jornal, no seu ciclo de consumo?

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'Muita coisa que está nos livros foi um dia notícia só. A História se faz no tempo, como a pedra se faz do pó.' Essas duas frases iniciais da canção composta para uma belíssima propaganda dos 150 Anos do Jornal do Commercio do Rio de Janeiro, em 1977, traduzem essa ideia: do fato jornalístico que se transforma em fato histórico. Hoje, é notícia; e amanhã, já será História.

Claro que a produção de notícia tem um custo. Pelo qual o veículo de informação é remunerado através da venda de exemplares (ou de assinaturas digitais), de espaços publicitários, de direitos de transmissão e outras formas mais. É parte de um cálculo complexo que define o preço de venda. Mas a partir de quando cessa, em tese, o valor da notícia como tal e surge o valor do fato histórico, de algo que ganhou espaço na linha do tempo? E que valores seriam esses?

Hoje, com a democratização dos celulares e do acesso às mídias sociais, um acontecimento na rua pode estar disponível para milhões de pessoas em poucos minutos. E transformar-se em pauta de jornal. Que vai trabalhar essa informação e devolvê-la a nós, cobrando pela visualização em sua edição online. Que curioso!

Voltando uns quinze anos no tempo, quando já tínhamos celulares, alguns dos quais dotados da função de registro em foto e vídeo, mas as mídias sociais ainda não tinham conquistado o nosso universo, era um pouco diferente. O flagrante de rua, como um acidente de trânsito, era mandado por nós para um jornal e, a critério do jornal, podia ser veiculado em sua edição digital e até na escrita, dado o crédito ao autor da foto, que nada recebia por ela além da fama pelo registro.

E, bem antes dos celulares, quando a tríade de comunicação se resumia a jornais e revistas; rádios AM e FM; e televisão aberta de sete canais VHF, esses flagrantes, quando obtidos pela perspicácia ou pela sorte de alguém com uma câmera fotográfica ou uma filmadora à mão, podiam valer uma fortuna e eram disputados pelos veículos de comunicação.

Dois casos emblemáticos no Rio de Janeiro, de um incêndio num ônibus na Tijuca, em 1993, flagrado por uma turista a quem restava uma chapa na máquina fotográfica; e do desabamento de um prédio no Flamengo, em 1975, que seria implodido três dias depois para a construção de um trecho do metrô, renderam um bom dinheiro a cada um desses 'jornalistas de ocasião',que tiveram a sensibilidade de captar e eternizar aqueles momentos.

Eu sou defensor da ideia de que se deveria estabelecer, por lei, gratuidade de acesso ao acervo dos jornais diários, para qualquer tipo de busca, a partir do momento que a notícia perca o seu 'prazo de validade'. Ou seja: no dia seguinte à sua publicação, baseado no 'princípio do jornal de ontem', criado por mim. Afinal de contas, quanto vale o jornal de ontem? Vale apenas o papel em que foi impresso, para fins de reciclagem, como forração genérica de superfícies com fins de pintura, ou, ainda, como banheiro de animais de estimação. Enfim, a notícia perde o imediatismo que lhe confere valor e vira um registro histórico. E morre junto o aspecto da propriedade intelectual que habilita essa comercialização.

Isso é parte da democratização da informação, da forma como eu penso.

Mas as chatices relacionadas à esse tipo de posse não param por aí. O marketing não intencional, nesse mesmo espírito da exibição de uma imagem fora do contexto, virou outra dor de cabeça, capaz de posturas absolutamente patéticas de algumas mídias. O que se vê nos dias de hoje são coisas como evitar dizer o nome do hotel onde está hospedada uma banda de rock que vai se apresentar num festival, não para preservar a privacidade dos integrantes, mas para não fazer propaganda gratuita do estabelecimento! Ou, em meio a uma matéria jornalística, borrar a marca do boné ou da blusa de um entrevistado, pela mesma razão! Neste segundo caso, fica ainda pior, porque se está violando a realidade, já que parte da situação mostrada está sendo apagada como registro, não importando o que seja.

Desviar a câmera para não mostrar, até tudo bem. Mas cobrir uma marca com efeito especial é, literalmente, tirar o foco. Aliás, nosso jornalismo anda precisando mesmo trocar de óculos: quando não enxerga errado, mostra-se cego a um monte de evidências que estão na sua cara. Um olhar que tem sido nocivamente seletivo, nos últimos tempos.

Parece não existirem limites éticos em relação a tudo isso. Ao que se vê, ao que se faz questão de não ver e, principalmente, ao que não existe, mas que se quer que seja visto como se compusesse a realidade visível.

A novidade mais recente, noticiada neste fim de semana, fica por conta de um comunicado do Google relacionado à questão da posição da suprema corte americana sobre o aborto. O portal anunciou que vai eliminar, do histórico das pessoas (aquele que ele faz com o Google Maps, em cima do rastreamento georreferenciado do celular na 'linha do tempo', quando habilitado pelo dono do aparelho), todas as idas que elas tenham feito a clínicas de aborto. Ou seja: uma intromissão, através de alteração da realidade, que tem por objetivo, segundo a empresa, o resguardo da privacidade.

Claro que compreendemos, não é, Google. O confinamento obrigatório e a coerção à vacinação contra a peste chinesa, sob pena de restrição a ter acesso ao próprio trabalho e a serviços públicos, até atendimento hospitalar de emergência, também foram feitos com o intuito do bem comum, da preservação da saúde e das vidas de todos, da garantia da normalidade do mundo.

O inferno está cheio de boas intenções. E o capeta só está de olho na galera aqui, com as ações de cunho social de uma meia dúzia de poderosos.

E você, tem percebido essa manipulação, em relação ao que você deseja para a sua vida e à sua percepção das coisas à sua volta?

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segunda-feira, 27 de junho de 2022

Vidas importam. Sempre!

segunda-feira, 27 de junho de 2022


Observo que a bússola moral das pessoas anda precisado de uma aferição mais apurada. Alguns modernismos têm afetado o senso de humanidade de gente comum; e certos (ou 'errados') emissores de opinião têm se valido de sua própria capacidade de convencimento para tornar 'opinião pública' a sua, pessoal. Ou a daqueles para quem trabalham, por ideologia ou a soldo, agindo então como gurus de mentes facilmente permeáveis.

E é triste constatar que uma das noções prejudicadas por esse mau funcionamento da percepção ética seja justamente a vida. A essência da existência humana vem perdendo o sentido e, mais do que isso, o valor, para indivíduos que agem contra ela, dizendo protegê-la.

Vidas importam. Não cabem adjetivos, entre o substantivo feminino plural e a terceira pessoa do plural do presente do indicativo. Não há especificidades nem condições que possam restringir o sujeito da frase. Não pode haver, se essa importância for autêntica. Ou então será só uma frase de efeito, adornando cartazes ou dando cores pálidas a algo vazio de conteúdo.

O que é que a gente fez da vida?

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Dois fatos dramáticos estão em pauta, no comentário de hoje. Duas sentenças de morte: uma, no ventre, decretada por burocratas da justiça brasileira; e outra, na rua, estabelecida pelo crime organizado, protegido pela irresponsabilidade dessa mesma justiça. Um deles resultando uma cobertura jornalística viciada, feita por gente incapaz de apurar, analisar ou escrever valendo-se da melhor visão possível dos fatos, para ser minimamente fiel à verdade. Outro pendendo para esse mesmo lugar-comum, das conclusões precipitadas oferecidas por especialistas de ocasião, entre uma talagada e um tira-gosto.

No início de maio, a juíza Joana Ribeiro Zimmer, da comarca de Tijucas, cidade 50 quilômetros ao norte de Florianópolis, em Santa Catarina, decidiu não autorizar um aborto numa menina de onze anos e o caso ganhou rápida repercussão em todo o Brasil. A grande mídia, entretanto, sonegou informações cruciais que permitissem a correta avaliação do caso.

Uma outra criança, um menino de treze anos do círculo de convivência da menina, foi quem a engravidou. Essa primeira informação, preciosa, foi omitida de modo deliberado das reportagens. Essa circunstância, da idade do garoto, descaracteriza legalmente o crime de estupro e, assim, esvaziaria o clamor dos ativistas para que se fizesse um aborto.

Por ter agido na proteção da gravidez da criança, inclusive com a indicação de que a menina fossa mandada a um abrigo para evitar a realização do procedimento, a juíza está sendo alvo de todo tipo de prejulgamento pelos abortistas e, ainda, fica sujeita a sanções disciplinares, em virtude de sua decisão. Que estava técnica e humanitariamente correta! Como mulher, soube decidir e teve a coragem de fazê-lo, com dignidade.

O Ministério Público de Santa Catarina e a Segunda Promotoria de Justiça da Comarca de Tijucas, contudo, em 'proteção' à criança (mais ou menos como quando 'protegeram' nossas vidas, nos cerceando a liberdade de locomoção e de trabalhar e nos coagindo à vacinação compulsória), determinou o aborto.

E assim, para o regozijo das feministas de sovaco peludo e peitos caídos, a extirpação de um bebê com sete meses de vida, de dentro do útero de uma jovem mãe, foi feita. Queira Deus que ela possa, um dia, ter a bênção da maternidade.

Meu corpo, minhas regras... Não! Neste caso, foi corpo da menina inocente, regras da burocracia.

A outra sentença de morte se deu no Rio de Janeiro. Um assalto ousado a um dos shoppings mais luxuosos da cidade resultou a morte de um vigilante. Jorge Luiz Antunes, de 49 anos, fazia um trabalho extra de segurança, no Village Mall, na Barra da Tijuca, na manhã deste sábado 25, quando foi mortalmente alvejado em meio ao tiroteio provocado por doze assaltantes fortemente armados. Para roubar uma joalheria, os bandidos (ah, a mídia os chama de 'suspeitos' e o Lula, de 'meninos'), fizeram reféns para sair do shopping.

O portal G1, que a gente cita mais por (mau) hábito do que por credibilidade, assinalou que a família teria dito, no IML, que ele 'não tinha formação de segurança'. É a extrema imprensa já sentenciando o caso: o culpado é a própria vítima, o shopping é conivente e o assalto teve a sua lógica, já que, naquele suntuoso templo de consumo, os meninos do cachaceiro se viram contaminados pelo capitalismo.

Tivemos uma candidata a governadora, amiga do bebum, que teve a pachorra de dizer isso, quatro anos atrás.

Jorge Luiz estava desempregado havia cinco anos. Era casado, tinha quatro filhos e deixou de comparecer ao aniversário do neto para ganhar os R$ 180 da diária, um turno de 12 horas, que cumpria.

O Disque-denúncia do Rio está oferecendo R$ 50 mil por informações que levem à captura dos doze assaltantes. O telefone é 2253-1177.

A vida sem valor para engravatados servidores públicos, cuja função, no âmbito da justiça, deveria ser prezar o bem-estar da sociedade. A vida sem valor para vagabundos, que proliferam sem controle e agem sem a devida inibição por parte da autoridade.

A vida sem valor.

Que as vidas do bebê da menina e de Jorge Luiz não tenham se perdido em vão. Que nos sirvam de aviso, um chamamento a todos os brasileiros, pela participação ativa nos destinos do país onde vivemos e para o qual queremos um bom futuro. Um futuro em que a violência institucionalizada, nas ruas em geral e em algumas cortes em particular, tenha fim.

Você está conosco nessa cruzada pela vitória do Brasil do Bem?

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segunda-feira, 20 de junho de 2022

Verdades cabulosas

segunda-feira, 20 de junho de 2022


Observo que dois assuntos predominaram nos últimos dias, no noticiário nacional, revelando esquemas, levantando suspeitas e tornando mais claros alguns fatos do cenário político.

Um conjunto de senões de ordem pessoal e até cibernética nos impediu de desenvolver as análises a respeito, ao longo desta semana. Mas nós, comentaristas do canal InstantNews.1, vamos reorganizando as ideias e retomando o ritmo, para que todos fiquemos em dia com os acontecimentos.

O desaparecimento do indigenista Bruno Pereira e do jornalista Dom Phillips, na Floresta Amazônica, há quinze dias, é um desses assuntos.

O outro envolve novidades relacionadas ao pré-candidato Lula, suas ligações perigosas com um contador de uma facção criminosa de São Paulo e o seu - mais um - sincericídio, desta vez quanto a desmembramentos do sequestro do empresário Abílio Diniz.

O que falta descobrir sobre as circunstâncias dessas mortes violentas, na região amazônica? Será que o fomento nos recursos de vigilância daquele quinhão brasileiro estão tirando o sono de quem vive se beneficiando com a narrativa batida do desmatamento desenfreado?

O que falta descobrir sobre as ligações perigosas do descondenado com pessoas e organizações sempre associadas a ilegalidades e corrupção? Seria só um estigma criado por adversários políticos, ou tudo faz sentido, no conjunto da obra socialista?

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O caso de Bruno Pereira, ex-servidor da Funai, e Dom Phillips, repórter do jornal britânico The Guardian, ganhou repercussão imediata, no Brasil e no exterior. Eles desapareceram na região da Terra Indígena do Vale do Javari, localizada nos municípios de Atalaia do Norte e Guajará, no oeste do Amazonas, no dia 5 de junho. A ida de ambos àquela área não estava claramente autorizada, havendo dúvida quanto à autenticidade e a validade de um documento que os habilitaria a entrar e estar naquela terra indígena - que é protegida pela União e teve os critérios de admissão de acesso a não-indígenas tornados mais restritos, após a peste chinesa.

Enquanto a Polícia Federal detinha dois suspeitos do duplo assassinato, o ex-superintendente da PF, Alexandre Saraiva, apressava-se em conceder entrevista à GloboNews, na qual acusou a existência de uma 'bancada do crime da Amazônia', em referência à pretensa conivência, inclusive de parlamentares, com grupos de exploração predatória de recursos da floresta. Entre os acusados, o ex-ministro Ricardo Salles e a deputada Federal Carla Zambelli.

Surgiam, por acaso, nesse mesmo momento, declarações 'oficiais' dando conta de que não haveria mandante nem envolvimento do narcotráfico, em relação ao crime. Porém, o Correio Braziliense noticiou que membros da União dos Povos Indígenas do Vale do Javari, Unijava, mencionaram a existência de um narcotraficante colombiano chamado 'Peruano' que estaria por trás dos homicídios. Segundo a Unijava, Bruno e Dom iriam visitar a equipe de vigilância indígena que atua perto do Lago do Jaburu e o jornalista faria entrevistas com os habitantes locais.

Dois corpos foram encontrados na região, um eles já identificado como sendo do repórter britânico. Foram presos Amarildo da Costa de Oliveira, o 'Pelado', seu irmão Oseney da Costa de Oliveira, o 'Dos Santos', e Jeferson da Silva Lima, o 'Pelado da Dinha'. A Polícia Federal deteve também mais duas pessoas, de identidades não reveladas, arroladas no crime. As investigações seguem sob sigilo.

Apesar de todo o requinte de crueldade envolvido, com morte, esquartejamento, incineração e enterro dos restos mortais, parece haver interesse em emplacar a narrativa do lobo solitário mais uma vez, como se tenta, até hoje, em relação à facada de Adélio Bispo em Jair Bolsonaro, há quatro anos.

Parece uivo demais, para alcateia de menos.

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Emendando na campanha eleitoral à presidência da República, quem andou dominando as manchetes foi o pré-candidato do PT. Senão ele, diretamente, um contador que priva das intimidades fiscal e financeira de Lula, responsável por suas declarações de imposto de renda.

Joao Muniz Leite é um sortudo: não bastasse conhecer os segredos com os quais nem a Receita Federal deve sonhar, a respeito do 'líder das pesquisas', ganhou, só no ano passado, 55 vezes em loterias federais - uma incrível média de mais de uma oportunidade por semana! (E olha que eu achava sortudos os empregados do Cervantes, tradicional bar carioca, que ganharam, grupos diferentes, dois bolões acumulados da Mega Sena.)

Muniz, que teve os bens indisponibilizados pela Justiça a pedido do Departamento Estadual de Investigações sobre Narcóticos de São Paulo, o Denarc, teria lavado mais de R$ 16 milhões junto a um traficante do Primeiro Comando da Capital, de apelido Cara Preta, morto em dezembro do ano passado.

O dinheiro, esquentado pela premiação da Caixa Econômica Federal, foi usado para a compra de uma empresa de ônibus, que opera sob contrato para a Prefeitura de São Paulo.

Já a empresa de Muniz, esta tem endereço cadastrado na Rua Cunha Gago, em Pinheiros, mesmo domicílio comercial em que Fábio Luís Lula da Silva, o Lulinha, filho do ex-presidente, mantém três empresas: FFK Participações, BR4 Participações e G4 Entretenimento, conforme dados da Junta Comercial de São Paulo.

Coincidências cabulosas...

Fechando a semana, o defensor dos ladrões de celulares revelou que intercedeu junto ao ex-presidente Fernando Henrique Cardoso e seu então ministro da Justiça, Renan Calheiros, em 1998, pela libertação dos sequestradores do empresário Abílio Diniz. Os dez criminosos, a quem Lula trata pelos termos 'jovens' e 'meninos', pertenciam ao MIR (Movimiento de Izquierda Revolucionária), um grupo terrorista de extrema esquerda. O crime aconteceu em 1989.

Lula disse ter argumentado com FHC que, ao soltar os presos, ele teria 'a chance de passar para a História como um democrata'. Caso contrário, havia a possibilidade de que ele fosse lembrado 'como um presidente que permitiu que dez jovens que cometeram um erro morressem na cadeia'.

'Jovens', 'meninos', 'erro'. São os termos usados. Acredite.

Entre os criminosos, havia argentinos, chilenos, canadenses e um brasileiro. Os canadenses foram extraditados em 1998. No começo de 1999, os estrangeiros ainda presos foram extraditados e o brasileiro foi indultado.

Este é o mesmo candidato que mostrou-se indignado com o perdão concedido, na forma de graça presidencial, ao deputado federal Daniel Silveira, pelo crime... Qual mesmo? Ah, de 'opinião'.

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Você está de olhos abertos para o que está acontecendo à sua volta? Tem acompanhado as mídias não convencionais, ou ainda se prende ao noticiário pasteurizado (coitado do Louis Pasteur...) que tentam lhe enfiar goela abaixo?

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domingo, 12 de junho de 2022

Polititicamente correto

segunda-feira, 13 de junho de 2022


Observo que o mundo anda chato e a vida em sociedade tem se tornado mais e mais chata, com a profusão de mimimis causados... Por pessoas chatas, de jeito chato e convicções frágeis; que se julgam ofendidas por tudo e por nada.

Gente que critica as pessoas pelo jeito que elas gostam de ter, o que, em nada, diz respeito aos outros. Ou, ao contrário: gente que é censurada por criticar algo que seja de fato pertinente, no outro. Ou, ainda, gente que se permite brincar com certas circunstâncias, e que acaba acusada de acossamento - o popular bullying, no Inglês.

O que provoca tanta falta de compreensão, em relação a nós e ao outro? Onde se esconderam a empatia, o senso crítico e a capacidade de fazer pilhéria com tudo e com todos? Agora é feio quebrar certas regras? Estamos deixando de ser humanos, tentando ser mais humanos do que deveríamos ser?

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O advento da praga do politicamente correto está entediando a humanidade. Talvez os metidos a certinhos, que criaram esse monstro, se policiem, até nos sonhos, para não cometerem os deslizes que eles arbitraram serem inadmissíveis de cometimento.

Qualquer coisa está sujeita a rótulos de estúpida, inadequada, errada, ilegítima... Escolha o adjetivo. As pessoas estão se policiando cada vez mais em relação ao que dizem e, até, ao que pensam! Por medo de ofender (e serem processadas judicialmente, em virtude do seu julgamento pessoal), ou de serem 'canceladas', palavrinha da moda que significa a execração definitiva do seio social.

Mas é provável que uma das mais estúpidas normas dessa tirania pretensamente normalizadora e moralizadora da sociedade seja aquela relacionada à simples abordagem, típica, da paquera. Para os mais jovens, que podem não estar ligando o nome à pessoa, é quando um rapaz demonstra interesse por uma moça, pelo simples fato de ela ser uma moça. É o que se tem tachado desonestamente de assédio, postura que não é sinônimo de corte ou cantada, que é do que eu estou tratando aqui. Claro que há cortes e cortes. Mas eu falo da corte elegante, inteligente, Que encanta quem é cortejado.

A corte também pode ocorrer inversamente, de uma mulher para um homem, por que não? Mas, enfim, trata-se de algo que pode, sob um ponto de vista mais radicalmente dramático, significar a própria perpetuação da espécie humana! Os opostos precisam se chegar, um ao outro, aliás um bem perto do outro, para que a mágica aconteça. Felizmente, outros animais estão à salvo da extinção, pelo menos nesse aspecto, já que não estão sujeitos a essa seleção natural tão burocratizada, como eventualmente enxergasse, com a devida vênia, o querido Charles Darwin. 

Hoje em dia, além de ter sido suprimida como importante etapa do relacionamento social que precede o namoro, que pode dar em noivado e casamento, essa tarefa, em que consiste a paquera, vem se tornando cada vez mais difícil. Justamente no que diz respeito a identificar uma moça. Nada a ver com castidade: é com a assunção do gênero que se tem, mesmo!

Qualquer palavra mal dita, quero dizer, dita de forma mal interpretada, em relação a uma mulher, pode dar uma dor de cabeça enorme ao pretendente. Com todos os desdobramentos éticos e até criminais já inventados! Porque praticamente se convencionou o ato de fazer a corte como desrespeitoso; e ponto final.

Está aí um bom exemplo de que falamos e escrevemos pisando em ovos. Pensar está prestes a se tornar proibitivo. Fazer piada, um desafio quase inalcançável, já que a essência da graça está, exatamente, em marcar, de algum modo, a pessoa ou o grupo de quem se fala.

Grupos minoritários, por sinal, vêm tentando fazer valer a sua voz de modo nada legítimo, enclausurando a liberdade de expressão sob o argumento de que existe desrespeito em muito do jeito de falar que adotamos por tradição há bastante tempo. Embora não consigam provar onde está o desprezo tão apontado.

Será que não existe um exagero nisso tudo? Eu penso que sim. O jeito de reverter esse avanço, de forma inteligente e criativa, é com o bom humor. Como fez a Padaria Aveiro, na Zona Sul paulistana, identificando, na etiqueta da embalagem, o bolo nega maluca pelo novo nome de afrodescendente. Agora, que tenham os 'protegidos' a dignidade de aguentar a piada.

O Sindicato da Indústria de Panificação e Confeitaria do Estado de São Paulo classificou certos nomes tradicionais de iguarias como preconceituosos, racistas e machistas. Na lista estão ainda a maria mole e a língua de sogra. Banho maria, pelo visto, ainda deve ser permitido de usar.

Como é a sua percepção dessa tirania exercida sobre o modo de pensar das pessoas? Você também vê aspectos do controle social presentes nessas aparentes pequenezas que, na verdade, são ardis a serem minados?

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segunda-feira, 6 de junho de 2022

Ecobabaquices

segunda-feira, 6 de junho de 2022


Observo que o agronegócio brasileiro está sob ataque. E, não por acaso, a postura do atual governo com relação à Amazônia, também. Tudo de caso pensado e de maneira concomitante e coordenada. Somos acusados de destruir a Natureza para aumentar as áreas de pasto e plantio, tanto quanto do pretenso abandono da floresta, com o agravante do aviltamento da soberania dos povos indígenas.

O que estaríamos fazendo de tão errado, que nos torna dignos da execração pública de ambientalistas e chefes de governo, a priori, respeitáveis e ciosos de suas responsabilidades para com a grande aldeia global que habitamos? Somos mesmo esse país desprezível que essa gente, lá fora, e até filhos da terra, aqui dentro, condenam, de forma tão vil?

Quem critica, igual a quem desdenha, quer comprar?

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Está cheio de cientistas por aí, dando palpites em relação ao trato com os recursos naturais do Brasil. Lembram muito os especialistas de botequim que povoaram os estúdios de televisão, para aconselhar sobre o bichinho xinguelingue e as picadinhas que deveriam acabar com o bichinho xinguelingue, mas não acabaram com o bichinho xinguelingue, embora tenham acabado com um bocado de gente que acreditou que ficaria livre do bichinho xinguelingue.

Os cientistas de ocasião, galgados até a professores 'horroris causa', vêm emitindo todo tipo de senões, por uma razão ou por outra, ao verdadeiro trabalho técnico, bem feito, tocado por gente que estudou e sabe o que está fazendo. Lá no campo, que esses críticos parecem conhecer apenas pelos telejornais rurais da vida.

Por exemplo: bovinos são abatidos para que nos deem proteína e couro, o que é uma crueldade, sob a ótica desses especialistas; e também dos veganos (aliás, vi, dia desses, o anúncio de um 'sorvete vegano'; ora, se nem leite é permitido a esses adeptos, eu sequer me arrisco a imaginar como essa iguaria é feita). Mas, por outro lado, se esses bovinos não são abatidos, restam na Terra, reproduzindo-se e empesteando o ar com a perigosa flatulência, que nossa cientista Anitta 'Estácio de Sá' aponta aumentar os gases de efeito estufa em nossa atmosfera. 'Abater ou não abater, eis a questão', diria um nosso Shakespeare de Honório Gurgel.

Que bom que temos gente séria cuidando desse equilíbrio entre a picanha nossa de cada dia e os peidos de boizinhos e vaquinhas...

Por sinal, nesse aspecto do meio ambiente (ou do 'ambiente por inteiro'), enquanto aturamos críticas à tal destruição da Amazônia, temos a Alemanha dizimando florestas e vilarejos ancestrais para produzir carvão e intensificar o uso de termelétricas. Usinas atômicas sendo defendidas como amigáveis, vejam só, pelos 'verdes' da Finlândia! A Europa flexibilizando regras ambientais e agrícolas, para sobreviver. E americanos aumentando a produção de petróleo no Alasca, para prover o mundo de mais combustíveis fósseis.

Então, afinal de contas, quem está indo, de fato, de encontro aos sagrados mandamentos do planeta saudável, emanados, em muito, pela ciência do Velho Mundo?

A propósito, a título de informação e em meio a narrativas que escondem fatos importantes, a Embrapa (Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária) nos revela que a captura de gás carbônico na atmosfera é maior pelo cultivo de milho e soja do que por reflorestamento. Ou seja: plantar mata dois coelhos com uma só cajadada, provendo comida e protegendo o planeta.

Vejo que somos bons nisso, aqui no Brasil, embora não acreditemos muito no nosso próprio taco...

Na verdade, o que temos são 'ecobabacas', como já li na imprensa especializada, não enxergando que a pressão internacional 'contra o desmatamento' é, na realidade, contra o desenvolvimento do agronegócio no Brasil, que é um dos mais competentes do mundo! E pela cobiça das riquezas minerais da Amazônia. Só não vê quem não quer.

Uma das lutas que travamos, neste momento, dentro da dicotomia que opõe o bem ao mal, é exatamente essa, que diz respeito ao futuro do nosso país. Continuarmos a ser o celeiro do mundo, alimentado uma de cada cinco bocas no planeta, com o melhor aproveitamento da terra e possuindo taxas espetaculares de preservação de recursos naturais e geração de energia limpa, do mundo! Sempre com absoluto respeito a quem labuta no campo e lá vive, muitos dos quais desde antes de os europeus aportarem por essas bandas. Europeus que, por sinal, sempre foram bem-vindos à nossa casa.

Defender o Brasil, hoje, é lutar pela soberania que nos querem tirar, usando falsos pretextos para justificar os ataques contra os valores e as riquezas que pertencem aos brasileiros.

É nos imbuirmos disso, ou entregarmos o suor de todo um trabalho àqueles que já mostraram não ter qualquer compromisso com o país, tendo olhos somente para se apoderarem do que é nosso.

Você está preparado para cerrar fileiras na defesa das conquistas que já tivemos e daquelas que os tempos vindouros nos reservam? Você está com a gente?

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quarta-feira, 1 de junho de 2022

Conversar é preciso

segunda-feira, 30 de maio de 2022


Observo que as pessoas estão retomando os relacionamentos presenciais, ainda com um certo cuidado, às vezes, até, com alguma vergonha da clausura autoimposta. Mas, em todo caso, que bom que a vida fez a parte que lhe cabe e forçou a barra, para que as coisas voltassem aos devidos eixos.

A restrição quase absoluta à interação social foi um crime sem precedentes que se impôs à civilização, na pretensão de se estagnar uma gripe promovida, por autoridades de saúde - e por razões que ainda vamos conhecer em detalhe - a um apocalipse de proporções planetárias.

A propósito: em que nível você se anulou para a própria existência, se obrigando a fechar-se para o mundo, nesses últimos dois anos?

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Toda semana, sempre que posso, eu me permito frequentar uma das mais agradáveis redes sociais que eu conheço: a feira livre, montada numa praça perto da minha casa. O papo agradável com os feirantes já conhecidos, o aroma dos produtos expostos, as provas que nos são oferecidas, o alimento que levamos para casa... É um conjunto que me parece bastante harmônico e que eu conheço desde a infância. Quando, por sinal, a minha presença naquele ambiente dava-se por outra razão: minha mãe ia às compras e eu ficava brincando, com outras crianças, no playground, na Praça São Salvador, no Flamengo. Outra faceta da interação social propiciada pela feira de rua.

O comércio é uma das mais antigas atividades exercidas pela humanidade, cuja base é o próprio relacionamento entre pessoas. Novos meios de comunicação permitiram elementos intermediários nessa relação, colocando mais gentes nessa rede de gente. E a revolução digital expandiu ainda mais esses limites, tornando nossos computadores e telefones celulares verdadeiras vitrines, nas quais cabe o mundo.

Essa versão digital do comércio, contudo, trouxe um componente de impessoalidade a essa tratativa. Nas compras pela internet, a gente não fala com ninguém. Tudo é muito rápido, tanto quanto muito frio. É como se não houvesse mais ninguém nesse universo particular, em que estamos eu... E eu mesmo! Não se pode cumprimentar um atendente virtual com um Bom Dia, por exemplo. Ou pode-se, mas é uma coisa que nos faz sentir como malucos.

Desde criança, perdi o hábito de falar com pessoas de mentira. Eu até converso com o meu travesseiro (excelente conselheiro e confidente, por sinal); ralho com o corretor de texto do celular quando ele cisma de corrigir o que não é para ser corrigido; xingo o elevador que passa batido e me deixa plantado no corredor. E falo comigo mesmo, não admitindo ser interrompido nesse colóquio de foro íntimo. Mas, por favor, atendente virtual, especialmente aqueles que ganham nomes como Eduardo, Tomás, Alexa, a outra, 'Siri-gaita', isso, não!

A Organização Mundial que deveria ser da Saúde parece estar querendo emplacar um novo produto, em parceria com as Big Pharma. Igual àquele, criado há dois anos para matar as pessoas, de desgosto ou de solidão, sem perspectiva e sem amparo, trancadas em casa sem direito sequer a tomar sol na rua ou na praia. Se as pessoas tiverem aprendido a lição, não vão deixar isso acontecer de novo.

Redes de amizade, de coleguismo, de vizinhança, de radioamadores, sejam quais forem, funcionam como as redes de pesca, ou as redes de dormir, e com características bacanas: elas nos capturam, nos acolhem, fazem com que nos aconcheguemos a elas, nos ligam a outras pessoas, que possuem afinidades conosco. Rompem a solidão, aspecto no qual são importantíssimas para o equilíbrio emocional da gente. Às vezes, é para ser à distância, como no caso das ondas do rádio. Mas é sempre um prazer falar olho no olho, se for o caso à mesa, regando a conversa a café passado na hora ou um bom vinho.

Se navegar é preciso, e os intrépidos conquistadores portugueses nos mostraram isso lá no século 16, prosear também é. Muitos dos problemas que temos, se podem resolver com uma boa conversa. Afinal, fomos feitos para nos comunicar e trocar experiências e ideias.

Você também curte a companhia das pessoas, fazendo parte de grupos que se juntam, periodicamente, simplesmente para gozar a plenitude da vida? 

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quinta-feira, 26 de maio de 2022

Dos absurdos

segunda-feira, 23 de maio de 2022


Observo que vivemos tempos de contrassenso generalizado, em que a falta de conexão com a realidade e com a verdade das coisas vem sendo instrumentalizada por pessoas de forte apelo e poder de convencimento, tornando-as poderosas - e perigosas - formadoras de opinião.

Quem também observa isso é o comunicador e escritor americano Dennis Prager, no texto A Era do Absurdo, publicado no último dia 3 de maio no The Daily Signal, um portal conservador de notícias da mídia política americana, editado há 8 anos. O comentário foi reproduzido na Gazeta do Povo, no dia 11, e foi ainda o assunto da semana passada do programa Os Quatro Elementos, aqui do canal InstantNews.1.

Programa de cujo debate eu fui privado, pela concessionária de energia, que me deixou sem luz por quase uma hora, desde 10 minutos antes do início da transmissão, até 10 minutos depois do encerramento. Numa noite sem perturbação meteorológica.

Feito meu 'agradecimento' à Light Serviços de Eletricidade, por seu primoroso serviço ao consumidor carioca, vamos deixar este e passar para os onze absurdos listados pelo colunista, em cima dos quais eu não quero deixar de tecer as minhas considerações.

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Na esteira da farsa da pandemia, que paralisou países e cérebros pelo mundo, 'dona ciência' foi vilipendiada, prostituída, torturada, enfim, reduzida a subnitrato de pó de titica, diante de afirmações as mais escabrosas, sobre tudo e qualquer coisa. Pois não é que são logo os que se proclamam cientistas que têm vindo a público contestar fatos e comprovações que a ciência já consagrou? E sobre as quais não cabe retrucar?

A Biologia humana estabelece que os sexos são dois e a perpetuação da espécie se dá, única e exclusivamente, pela interação dos opostos. E mais: que cada sexo exerce um papel nessa história, indelegável e não intercambiável. Por mais que surjam narrativas vazias e os lacradores de plantão queiram impor um modus operandi diferente, simplesmente não rola. O que significa que apenas mulheres são fisiologicamente aptas a menstruar, engravidar e parir. Estes são papéis reservados à fêmea da espécie, que é essencialmente diferente do macho.

E não há procedimento cirúrgico nem tratamento hormonal ou psicológico, nem feitiçaria, que transforme ele em ela, ou ela em ele. Na vida, no trabalho no esporte e, acredite, também na mui querida Língua Portuguesa, que fique claro que é assim que acontece, gostem os indecisos e neutros de ocasião, ou não.

Desde o momento mágico da união do masculino ao feminino, que define o início da vida, temos esse destino traçado. Pertencemos apenas a uma de duas opções possíveis. E quem diz isso não é o Marcelo nem o Dennis: é a ciência. A verdadeira.

Uma vez combinado assim, vamos à questão da raça. A raça humana. Esta, sim, é superior, por sua capacidade inata de perceber o mundo e atuar com o intelecto, a faculdade de compreender que põe a espécie humana na condição de dominar as demais. Deste modo, nada distingue um ser humano do outro, em termos de compleição física. E isso inclui a cor da pele, constantemente usada como fator para comparações destituídas de sentido que, mais uma vez ela, a ciência, a autêntica, não respalda nem endossa.

Para usar uma das palavrinhas da moda, pela qual eu pessoalmente não nutro qualquer simpatia, somos, o Brasil, talvez o melhor exemplo de concretização do que se convencionou chamar de 'diversidade'. Temos gentes dos mais variados lugares do mundo aqui, em constante processo de miscigenação, num verdadeiro laboratório vivo que vem produzindo o mais rico dos povos. Somos essencialmente mestiços e devemos nos orgulhar disso!

E é fato, também, que a vida em sociedade pressupõe regras, para que exista um convívio saudável. Por exemplo: produzimos e dividimos riquezas, para atender as demandas que temos e que os outros têm. O alimento e as roupas que me são fundamentais não são produzidos diretamente por mim mesmo, mas eu contribuo, seja na compra desses itens ou no pagamento de impostos, com essa produção. É por essa razão que o capitalismo se impõe como um sistema eficaz de prover as coisas às pessoas, no qual todas participam com o que lhes cabe. Ao que me consta, não se descobriu, ainda, forma melhor de organizar a cadeia produtiva, de modo a suprir as nossas necessidades.

Falando nelas, duas outras necessidades, não tangíveis, que as pessoas têm e que são lembradas por Dennis Prager, são a liberdade de expressão e a garantia da segurança pessoal e patrimonial. Ao contrário do que se pode pensar, a verdadeira liberdade de emitir opiniões inclui até o discurso virulento, costumeiramente chamado 'de ódio'. Para evitar que esse tipo de expressão do pensamento ganhe proporções indevidas, deixando o terreno do razoável, existem as leis e a Polícia, como instituição do Estado para fazer cumpri-las. Não se pode abrir mão da possibilidade de externar, responsavelmente, o que se pensa, tanto quanto não se pode prescindir de uma força pública que contenha os abusos e as arbitrariedades que comprometem o equilíbrio das boas relações, que deve nortear o dia a dia da coletividade.

Você concorda que absurdo, mesmo, é pensar que nós tenhamos que abdicar de convicções, preceitos morais e até do direito de escolha, para sermos agradáveis ao discurso de gente sem resquício de inteligência, totalmente sem noção de que o mundo não gira em torno de suas verdades pessoais?

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domingo, 15 de maio de 2022

SOS Rio

segunda-feira, 16 de maio de 2022


Observo que a eterna capital do Brasil vem vivendo um processo crescente de degeneração, que autoridades municipais e estaduais não estão sabendo (ou não vêm tendo interesse em) reverter. Da segurança pública à mobilidade urbana, da política mesquinha à destruição do seu patrimônio cultural, praticamente nada escapa a uma espécie de sanha destruidora, que vem matando pouco a pouco a cidade e minando a alegria e o prazer de viver dos nativos dessa terra de mar e montanhas de tirar o fôlego.

O Rio importa ao Brasil, tanto quanto importa-se com ele. Sempre foi assim. É como se todos os brasileiros fossem, um tantinho que seja, cariocas, no desejo de copiar o sotaque, na música da Bossa Nova, na paisagem do Cristo Redentor. Somos o povo que recebe bem todos os povos e que é bem recebido por todos, da mesma forma. Temos uma alegria de viver digna de poucos e um poder de superação enorme, que tem que ser o que os mantém vivos.

Contudo, enfrentamos uma triste realidade, razoavelmente bem disfarçada no sorriso que a gente consegue mostrar no rosto, apesar de tudo. Mas, até quando?

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Falar do Brasil é falar da Cidade de São Sebastião do Rio de Janeiro. Que foi, por 197 anos, a capital do país, tendo sido também a única capital da um reino europeu fora da Europa, quando acolhemos a trupe de Dom João VI, após a invasão napoleônica a Portugal. E, com todas as transformações sofridas, é a cidade que continua sendo a maior referência do Brasil no exterior.

A despeito da transferência do Distrito Federal para os confins do Planalto Central, a partir de um ardil tramado por Juscelino na votação do projeto da criação de Brasília, e, quinze anos depois, de um outro golpe, o da fusão da Guanabara com o antigo Estado do Rio, a Cidade Maravilhosa resiste. Às vezes com falta de ar, quase intubada em seus hospitais precários de recursos e infraestrutura, com os sinais vitais perto da falência múltipla. Outras vezes, deprimida com a miséria plantada em seus morros e vales, pela demagogia e pelo mau uso do dinheiro do contribuinte.

Porém resiste.

Um dos marcos notórios da degenerescência do Rio, dentre tantos dos quais se poderia lembrar, foi a lamentável passagem de Leonel Brizola como governador fluminense. Por duas, mais lamentáveis ainda, ocasiões. A decisão do iluministro Edson Fachin, de reservar as áreas conflagradas para domínio da bandidagem, sem a permissão da entrada do Estado, leia-se, Polícia, em proteção da população ordeira, não é ideia original do homem de toga: o caudilho gaúcho, na defesa do bandido-cidadão-eleitor, também proibiu a autoridade de segurança de entrar em favelas. Aliás, mais do que isso, Brizola patrocinou a favelização do Rio, numa política de omissão balizada por uma frase do seu aliado e vice-governador Darcy Ribeiro. O 'professor' dizia que 'favela não é problema, é solução'. Isso fez com que hoje, tivéssemos milhares de 'soluções' espalhadas pela cidade.

Foi outro aliado seu, por sinal, Saturnino Braga, prefeito nomeado da capital, que declarou a falência do Rio, em setembro de 1988. Naquele mesmo ano em que, em janeiro, a cidade sofreu uma de suas mais avassaladoras enchentes. Um ano depois, perdemos as corridas de Fórmula 1 graças a uma tentativa de negociata de Brizola para obter fundos para sua campanha à presidência. A Federação de Automobilismo não apenas disse não, como tirou da cidade o direito de sediar provas de 1991 em diante. O ex-prefeito César Maia confirma essa trama.

Brizola pertencia a uma linhagem que começou com Getúlio Vargas e fez, depois, a sua própria, que nos assombra até hoje. Dela fizeram ou fazem parte Marcello Alencar, César Maia e Eduardo Paes, o prefeito da Copa do Mundo e dos Jogos Olímpicos, que vive atualmente, em seu terceiro mandato, o trágico day after daqueles inebriantes dias de obras, inaugurações e dinheiro fácil, que irrigou investimentos em aço... E também em ouro.

O socialismo moreno de Brizola e o padrão FIFA das obras de Paes bagunçaram o coreto do Rio. Mas vamos colocar o ex-governador Sérgio Cabral e o descondenado 'noivo do ano' nessa conta, também, que esses louros eles merecem dividir. Hoje, temos um aeroporto internacional sucateado, apesar de concessionado, isolado da mobilidade do restante da cidade. Um Centro deteriorado, uma rede de transportes desorganizada e promessas de investimentos nas duas principais estradas de acesso à cidade não realizadas - as novas subidas das serras, na Rio - Petrópolis e na Rio - São Paulo. Deprime andar por certos locais dessa terra tão linda, vendo o que os nossos homens públicos fizeram com ela.

Mas que bom que algumas luzes brilham no fim do túnel, contudo. A privatização da companhia de águas e esgoto traz a reboque o compromisso da despoluição da Baía de Guanabara, que deve deflagrar investimentos, ações e obras que contribuam para levantar o astral. Um recomeço. Uma perspectiva. Algo em que nos apegarmos, para subir à tona e renovar o fôlego. Resgatar o que é nosso, que queremos ver de volta a quem de direito.

Fechando o assunto, um lembrete: este ano, temos que escolher um novo governador para o Estado do Rio. Uma boa chance para uma boa escolha.

E você? Também quer enxergar novos tempos para o nosso Rio? 

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