Observador do Planeta

segunda-feira, 8 de agosto de 2022

Obrigado, Jô!

segunda-feira, 8 de agosto de 2022


O Brasil amanheceu sem graça, literalmente, na última sexta-feira. Nas primeiras horas do dia 5 de agosto, perdemos José Eugênio Soares, inicialmente Joe Soares, definitivamente Jô Soares. Um dos maiores nomes do humor brasileiro, jornalista, escritor, dramaturgo, autor e diretor grandemente habilidoso, comediante dono de uma verve e de uma cultura que poucos têm o privilégio de ter.

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Formado para seguir carreira na diplomacia, Jô Soares era poliglota e dotado de um conhecimento certamente invejado por seus pares. E, como a maioria de seus pares, professava uma crença política de tons avermelhados, o que não o impediu de, por certo tempo, com suas 'meninas' (as Meninas do Jô), ser um crítico feroz do mal que os governos do PT fizeram ao Brasil. Pelo menos até aquela entrevista, de triste lembrança, com a ex-presidente Dilma Rousseff, no gabinete do Palácio Alvorada.

Política à parte, foram mais de seis décadas de dedicação a textos e produções sempre bem cuidados, pautados pelo argumento inteligente, digno do seu público. Com parcerias gloriosas, nas laudas e em cena, com gente do quilate de Max Nunes, Haroldo Barbosa, Renato Corte Real, Paulo Celestino, Felipe Caroni, Agildo Ribeiro, Paulo Silvino e Francisco Milani, para citar apenas alguns dos notáveis, a quem você foi fazer companhia.

Obrigado por muitas e muitas segundas-feiras, por seus textos e esquetes, no Faça Humor não Faça a Guerra, no Satiricom, no Planeta dos Homens, no Viva o Gordo, no Veja o Gordo. Obrigado pelo mordomo Gordon, seu primeiro sucesso, na Família Trapo da Record dos anos 1960 e início dos 70. E por tantos e tantos tipos e bordões, que continuam na memória e nas bocas da gente.

Obrigado pelas entrevistas de fim de noite do Jô Soares Onze e Meia (que raramente entrava no ar às onze e meia!) e do Programa do Jô. Pela graça e pela emoção que você e seus convidados nos trouxeram, naquele competente e suave talk show, em conversas dignas das melhores e mais aconchegantes salas de estar. Obrigado pelo sexteto.

Obrigado pela leitura saborosa de O Xangô de Baker Street, Assassinatos na Academia Brasileira de Letras, As Esganadas O Homem que Matou Getúlio Vargas, entre outros, e por nos legar uma tão detalhada autobiografia, nos seus volumes de A Vida de Jô.

Obrigado por tantos palcos, dos quais destaco Um Gordoidão no País da Inflação, O Gordo Ao Vivo e Viva o Gordo, Abaixo o Regime - peça esta de grande lembrança, e de grata lembrança, em especial, pelo acesso de riso que Dona Judith, minha mãe, ajudou a prolongar, numa inesquecível sessão no Teatro da Praia, em Copacabana.

Obrigado pelo riso farto, do tamanho de você. Pela mente criativa, sempre ávida por mais novidades. Obrigado por seu talento!

Beijo pro gordo!

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