Observador do Planeta

segunda-feira, 15 de agosto de 2022

Alerta vermelho: uma geração perdida?

segunda-feira, 15 de agosto de 2022


A era da informação plena, de acesso universalizado, com um maná quase infinito de dados democraticamente disponíveis para todos, pode estar fomentando uma espiral de desperdício, jogando pérolas aos porcos. Toda essa maravilha informativa, pronta para consumo, pode sucumbir ante uma geração incapaz de perceber o tesouro que tem nas mãos, deixando escapar conhecimento valoroso por entre os dedos. Dedinhos que deslizam, rápidos, pelas telinhas dos celulares ou dos tablets, ou tamborilam, frenéticos, pelos teclados dos notebooks.

Um trabalho de angariação de décadas, documentando o progresso do intelecto humano, está em vias de se perder, pela desvirtuação de uma juventude presa ao embotamento proporcionado pelo colorido dos memes das telas dos smartphones.

Será que vamos nos permitir perder uma geração inteira para a indolência mental e a falta de vontade de crescer como pessoas?

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Uma pesquisa da Morning Consult, uma empresa de tecnologia, mais especificamente de inteligência de decisão, fundada em Washington há oito anos, constatou que 85% dos jovens de hoje têm, como sonho de vida, não profissões tradicionais, mas serem 'influenciadores digitais'. 'Influencers', como preferem, no termo da moda. Essa atividade ganhou o mundo digital, grandemente pelo poder de encantamento exercido por pessoas que, infelizmente, nada de profundo têm a oferecer. De repente, uma legião de carentes deu projeção a filmetes de conteúdo tosco, propiciando a ascensão meteórica - e o rápido engordamento das contas bancárias - de anônimos sem qualquer talento.

Eu já li que só existem 'influencers' porque há 'idioters'. Um extremo indesejável que, o que é triste, parece ser o padrão.

Aliás, o surgimento do aplicativo chinês, amplamente usado no mundo mas, eu imagino, não na mesma intensidade onde foi criado, é muito responsável pela explosão desse fenômeno. O app veio se somar a outras redes sociais e dar conta de uma enorme demanda por entretenimento, que surgiu com a eclosão dos criminosos lockdowns, dos 'fique em casa', em todo o planeta; que, por sua vez, se seguiu a outra criação chinesa: a peste experimental gestada em tubos de ensaio. Uma sequência lógica que, decerto, não é mera coincidência.

Pela primeira vez na História, temos filhos com quociente de inteligência menor que o dos seus pais! O QI da geração que está aí é inferior ao da geração anterior, o que é dramático. Embora haja, por tradição, a percepção recorrente, dos adultos mais maduros, de que os jovens com quem convivem 'não têm jeito', pela rebeldia e pelo enfrentamento das regras sociais, bem no espírito clássico do conflito de gerações, desta vez, a transformação operada pelo mundo digital pode estar exercendo uma influência daninha no desenvolvimento intelectual de uma legião de moços, que merecia o respeito de um cuidado maior.

Devemos nos permitir que a inteligência artificial tome as rédeas das vidas de todos nós - e, aí, não somente das dos jovens? Devemos deixar que ela nos dê o mundo mastigado, para que façamos a nós mesmos engolir, sem o prazer nem o trabalho de degustar? Devemos achar interessante que algoritmos, travestidos de seletores do nosso interesse pessoal, nos influenciem as escolhas, por simplificação ou preguiça de pensar?

Se, um dia, há cinquenta anos, a televisão-babá era o problema, com seus meros sete canais analógicos em VHF e imagens em preto e branco, quando ainda oferecia conteúdo de qualidade e aliado ao desenvolvimento intelectual, o que pensar da maravilha tecnológica do mundo, sem medida e sem controle, dentro de uma telinha portátil? Tudo pode?

Precisamos revaliar, com atenção e critério, o que queremos das facilidades que nos cercam e nos tentam. E não nos deixar cair em tentação.

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Comentário simultaneamente publicado no Observador do Planeta e exibido em vídeo no YouTube, no canal InstantNews.1. 

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