Observador do Planeta

segunda-feira, 27 de junho de 2022

Vidas importam. Sempre!

segunda-feira, 27 de junho de 2022


Observo que a bússola moral das pessoas anda precisado de uma aferição mais apurada. Alguns modernismos têm afetado o senso de humanidade de gente comum; e certos (ou 'errados') emissores de opinião têm se valido de sua própria capacidade de convencimento para tornar 'opinião pública' a sua, pessoal. Ou a daqueles para quem trabalham, por ideologia ou a soldo, agindo então como gurus de mentes facilmente permeáveis.

E é triste constatar que uma das noções prejudicadas por esse mau funcionamento da percepção ética seja justamente a vida. A essência da existência humana vem perdendo o sentido e, mais do que isso, o valor, para indivíduos que agem contra ela, dizendo protegê-la.

Vidas importam. Não cabem adjetivos, entre o substantivo feminino plural e a terceira pessoa do plural do presente do indicativo. Não há especificidades nem condições que possam restringir o sujeito da frase. Não pode haver, se essa importância for autêntica. Ou então será só uma frase de efeito, adornando cartazes ou dando cores pálidas a algo vazio de conteúdo.

O que é que a gente fez da vida?

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Dois fatos dramáticos estão em pauta, no comentário de hoje. Duas sentenças de morte: uma, no ventre, decretada por burocratas da justiça brasileira; e outra, na rua, estabelecida pelo crime organizado, protegido pela irresponsabilidade dessa mesma justiça. Um deles resultando uma cobertura jornalística viciada, feita por gente incapaz de apurar, analisar ou escrever valendo-se da melhor visão possível dos fatos, para ser minimamente fiel à verdade. Outro pendendo para esse mesmo lugar-comum, das conclusões precipitadas oferecidas por especialistas de ocasião, entre uma talagada e um tira-gosto.

No início de maio, a juíza Joana Ribeiro Zimmer, da comarca de Tijucas, cidade 50 quilômetros ao norte de Florianópolis, em Santa Catarina, decidiu não autorizar um aborto numa menina de onze anos e o caso ganhou rápida repercussão em todo o Brasil. A grande mídia, entretanto, sonegou informações cruciais que permitissem a correta avaliação do caso.

Uma outra criança, um menino de treze anos do círculo de convivência da menina, foi quem a engravidou. Essa primeira informação, preciosa, foi omitida de modo deliberado das reportagens. Essa circunstância, da idade do garoto, descaracteriza legalmente o crime de estupro e, assim, esvaziaria o clamor dos ativistas para que se fizesse um aborto.

Por ter agido na proteção da gravidez da criança, inclusive com a indicação de que a menina fossa mandada a um abrigo para evitar a realização do procedimento, a juíza está sendo alvo de todo tipo de prejulgamento pelos abortistas e, ainda, fica sujeita a sanções disciplinares, em virtude de sua decisão. Que estava técnica e humanitariamente correta! Como mulher, soube decidir e teve a coragem de fazê-lo, com dignidade.

O Ministério Público de Santa Catarina e a Segunda Promotoria de Justiça da Comarca de Tijucas, contudo, em 'proteção' à criança (mais ou menos como quando 'protegeram' nossas vidas, nos cerceando a liberdade de locomoção e de trabalhar e nos coagindo à vacinação compulsória), determinou o aborto.

E assim, para o regozijo das feministas de sovaco peludo e peitos caídos, a extirpação de um bebê com sete meses de vida, de dentro do útero de uma jovem mãe, foi feita. Queira Deus que ela possa, um dia, ter a bênção da maternidade.

Meu corpo, minhas regras... Não! Neste caso, foi corpo da menina inocente, regras da burocracia.

A outra sentença de morte se deu no Rio de Janeiro. Um assalto ousado a um dos shoppings mais luxuosos da cidade resultou a morte de um vigilante. Jorge Luiz Antunes, de 49 anos, fazia um trabalho extra de segurança, no Village Mall, na Barra da Tijuca, na manhã deste sábado 25, quando foi mortalmente alvejado em meio ao tiroteio provocado por doze assaltantes fortemente armados. Para roubar uma joalheria, os bandidos (ah, a mídia os chama de 'suspeitos' e o Lula, de 'meninos'), fizeram reféns para sair do shopping.

O portal G1, que a gente cita mais por (mau) hábito do que por credibilidade, assinalou que a família teria dito, no IML, que ele 'não tinha formação de segurança'. É a extrema imprensa já sentenciando o caso: o culpado é a própria vítima, o shopping é conivente e o assalto teve a sua lógica, já que, naquele suntuoso templo de consumo, os meninos do cachaceiro se viram contaminados pelo capitalismo.

Tivemos uma candidata a governadora, amiga do bebum, que teve a pachorra de dizer isso, quatro anos atrás.

Jorge Luiz estava desempregado havia cinco anos. Era casado, tinha quatro filhos e deixou de comparecer ao aniversário do neto para ganhar os R$ 180 da diária, um turno de 12 horas, que cumpria.

O Disque-denúncia do Rio está oferecendo R$ 50 mil por informações que levem à captura dos doze assaltantes. O telefone é 2253-1177.

A vida sem valor para engravatados servidores públicos, cuja função, no âmbito da justiça, deveria ser prezar o bem-estar da sociedade. A vida sem valor para vagabundos, que proliferam sem controle e agem sem a devida inibição por parte da autoridade.

A vida sem valor.

Que as vidas do bebê da menina e de Jorge Luiz não tenham se perdido em vão. Que nos sirvam de aviso, um chamamento a todos os brasileiros, pela participação ativa nos destinos do país onde vivemos e para o qual queremos um bom futuro. Um futuro em que a violência institucionalizada, nas ruas em geral e em algumas cortes em particular, tenha fim.

Você está conosco nessa cruzada pela vitória do Brasil do Bem?

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segunda-feira, 20 de junho de 2022

Verdades cabulosas

segunda-feira, 20 de junho de 2022


Observo que dois assuntos predominaram nos últimos dias, no noticiário nacional, revelando esquemas, levantando suspeitas e tornando mais claros alguns fatos do cenário político.

Um conjunto de senões de ordem pessoal e até cibernética nos impediu de desenvolver as análises a respeito, ao longo desta semana. Mas nós, comentaristas do canal InstantNews.1, vamos reorganizando as ideias e retomando o ritmo, para que todos fiquemos em dia com os acontecimentos.

O desaparecimento do indigenista Bruno Pereira e do jornalista Dom Phillips, na Floresta Amazônica, há quinze dias, é um desses assuntos.

O outro envolve novidades relacionadas ao pré-candidato Lula, suas ligações perigosas com um contador de uma facção criminosa de São Paulo e o seu - mais um - sincericídio, desta vez quanto a desmembramentos do sequestro do empresário Abílio Diniz.

O que falta descobrir sobre as circunstâncias dessas mortes violentas, na região amazônica? Será que o fomento nos recursos de vigilância daquele quinhão brasileiro estão tirando o sono de quem vive se beneficiando com a narrativa batida do desmatamento desenfreado?

O que falta descobrir sobre as ligações perigosas do descondenado com pessoas e organizações sempre associadas a ilegalidades e corrupção? Seria só um estigma criado por adversários políticos, ou tudo faz sentido, no conjunto da obra socialista?

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O caso de Bruno Pereira, ex-servidor da Funai, e Dom Phillips, repórter do jornal britânico The Guardian, ganhou repercussão imediata, no Brasil e no exterior. Eles desapareceram na região da Terra Indígena do Vale do Javari, localizada nos municípios de Atalaia do Norte e Guajará, no oeste do Amazonas, no dia 5 de junho. A ida de ambos àquela área não estava claramente autorizada, havendo dúvida quanto à autenticidade e a validade de um documento que os habilitaria a entrar e estar naquela terra indígena - que é protegida pela União e teve os critérios de admissão de acesso a não-indígenas tornados mais restritos, após a peste chinesa.

Enquanto a Polícia Federal detinha dois suspeitos do duplo assassinato, o ex-superintendente da PF, Alexandre Saraiva, apressava-se em conceder entrevista à GloboNews, na qual acusou a existência de uma 'bancada do crime da Amazônia', em referência à pretensa conivência, inclusive de parlamentares, com grupos de exploração predatória de recursos da floresta. Entre os acusados, o ex-ministro Ricardo Salles e a deputada Federal Carla Zambelli.

Surgiam, por acaso, nesse mesmo momento, declarações 'oficiais' dando conta de que não haveria mandante nem envolvimento do narcotráfico, em relação ao crime. Porém, o Correio Braziliense noticiou que membros da União dos Povos Indígenas do Vale do Javari, Unijava, mencionaram a existência de um narcotraficante colombiano chamado 'Peruano' que estaria por trás dos homicídios. Segundo a Unijava, Bruno e Dom iriam visitar a equipe de vigilância indígena que atua perto do Lago do Jaburu e o jornalista faria entrevistas com os habitantes locais.

Dois corpos foram encontrados na região, um eles já identificado como sendo do repórter britânico. Foram presos Amarildo da Costa de Oliveira, o 'Pelado', seu irmão Oseney da Costa de Oliveira, o 'Dos Santos', e Jeferson da Silva Lima, o 'Pelado da Dinha'. A Polícia Federal deteve também mais duas pessoas, de identidades não reveladas, arroladas no crime. As investigações seguem sob sigilo.

Apesar de todo o requinte de crueldade envolvido, com morte, esquartejamento, incineração e enterro dos restos mortais, parece haver interesse em emplacar a narrativa do lobo solitário mais uma vez, como se tenta, até hoje, em relação à facada de Adélio Bispo em Jair Bolsonaro, há quatro anos.

Parece uivo demais, para alcateia de menos.

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Emendando na campanha eleitoral à presidência da República, quem andou dominando as manchetes foi o pré-candidato do PT. Senão ele, diretamente, um contador que priva das intimidades fiscal e financeira de Lula, responsável por suas declarações de imposto de renda.

Joao Muniz Leite é um sortudo: não bastasse conhecer os segredos com os quais nem a Receita Federal deve sonhar, a respeito do 'líder das pesquisas', ganhou, só no ano passado, 55 vezes em loterias federais - uma incrível média de mais de uma oportunidade por semana! (E olha que eu achava sortudos os empregados do Cervantes, tradicional bar carioca, que ganharam, grupos diferentes, dois bolões acumulados da Mega Sena.)

Muniz, que teve os bens indisponibilizados pela Justiça a pedido do Departamento Estadual de Investigações sobre Narcóticos de São Paulo, o Denarc, teria lavado mais de R$ 16 milhões junto a um traficante do Primeiro Comando da Capital, de apelido Cara Preta, morto em dezembro do ano passado.

O dinheiro, esquentado pela premiação da Caixa Econômica Federal, foi usado para a compra de uma empresa de ônibus, que opera sob contrato para a Prefeitura de São Paulo.

Já a empresa de Muniz, esta tem endereço cadastrado na Rua Cunha Gago, em Pinheiros, mesmo domicílio comercial em que Fábio Luís Lula da Silva, o Lulinha, filho do ex-presidente, mantém três empresas: FFK Participações, BR4 Participações e G4 Entretenimento, conforme dados da Junta Comercial de São Paulo.

Coincidências cabulosas...

Fechando a semana, o defensor dos ladrões de celulares revelou que intercedeu junto ao ex-presidente Fernando Henrique Cardoso e seu então ministro da Justiça, Renan Calheiros, em 1998, pela libertação dos sequestradores do empresário Abílio Diniz. Os dez criminosos, a quem Lula trata pelos termos 'jovens' e 'meninos', pertenciam ao MIR (Movimiento de Izquierda Revolucionária), um grupo terrorista de extrema esquerda. O crime aconteceu em 1989.

Lula disse ter argumentado com FHC que, ao soltar os presos, ele teria 'a chance de passar para a História como um democrata'. Caso contrário, havia a possibilidade de que ele fosse lembrado 'como um presidente que permitiu que dez jovens que cometeram um erro morressem na cadeia'.

'Jovens', 'meninos', 'erro'. São os termos usados. Acredite.

Entre os criminosos, havia argentinos, chilenos, canadenses e um brasileiro. Os canadenses foram extraditados em 1998. No começo de 1999, os estrangeiros ainda presos foram extraditados e o brasileiro foi indultado.

Este é o mesmo candidato que mostrou-se indignado com o perdão concedido, na forma de graça presidencial, ao deputado federal Daniel Silveira, pelo crime... Qual mesmo? Ah, de 'opinião'.

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Você está de olhos abertos para o que está acontecendo à sua volta? Tem acompanhado as mídias não convencionais, ou ainda se prende ao noticiário pasteurizado (coitado do Louis Pasteur...) que tentam lhe enfiar goela abaixo?

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domingo, 12 de junho de 2022

Polititicamente correto

segunda-feira, 13 de junho de 2022


Observo que o mundo anda chato e a vida em sociedade tem se tornado mais e mais chata, com a profusão de mimimis causados... Por pessoas chatas, de jeito chato e convicções frágeis; que se julgam ofendidas por tudo e por nada.

Gente que critica as pessoas pelo jeito que elas gostam de ter, o que, em nada, diz respeito aos outros. Ou, ao contrário: gente que é censurada por criticar algo que seja de fato pertinente, no outro. Ou, ainda, gente que se permite brincar com certas circunstâncias, e que acaba acusada de acossamento - o popular bullying, no Inglês.

O que provoca tanta falta de compreensão, em relação a nós e ao outro? Onde se esconderam a empatia, o senso crítico e a capacidade de fazer pilhéria com tudo e com todos? Agora é feio quebrar certas regras? Estamos deixando de ser humanos, tentando ser mais humanos do que deveríamos ser?

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O advento da praga do politicamente correto está entediando a humanidade. Talvez os metidos a certinhos, que criaram esse monstro, se policiem, até nos sonhos, para não cometerem os deslizes que eles arbitraram serem inadmissíveis de cometimento.

Qualquer coisa está sujeita a rótulos de estúpida, inadequada, errada, ilegítima... Escolha o adjetivo. As pessoas estão se policiando cada vez mais em relação ao que dizem e, até, ao que pensam! Por medo de ofender (e serem processadas judicialmente, em virtude do seu julgamento pessoal), ou de serem 'canceladas', palavrinha da moda que significa a execração definitiva do seio social.

Mas é provável que uma das mais estúpidas normas dessa tirania pretensamente normalizadora e moralizadora da sociedade seja aquela relacionada à simples abordagem, típica, da paquera. Para os mais jovens, que podem não estar ligando o nome à pessoa, é quando um rapaz demonstra interesse por uma moça, pelo simples fato de ela ser uma moça. É o que se tem tachado desonestamente de assédio, postura que não é sinônimo de corte ou cantada, que é do que eu estou tratando aqui. Claro que há cortes e cortes. Mas eu falo da corte elegante, inteligente, Que encanta quem é cortejado.

A corte também pode ocorrer inversamente, de uma mulher para um homem, por que não? Mas, enfim, trata-se de algo que pode, sob um ponto de vista mais radicalmente dramático, significar a própria perpetuação da espécie humana! Os opostos precisam se chegar, um ao outro, aliás um bem perto do outro, para que a mágica aconteça. Felizmente, outros animais estão à salvo da extinção, pelo menos nesse aspecto, já que não estão sujeitos a essa seleção natural tão burocratizada, como eventualmente enxergasse, com a devida vênia, o querido Charles Darwin. 

Hoje em dia, além de ter sido suprimida como importante etapa do relacionamento social que precede o namoro, que pode dar em noivado e casamento, essa tarefa, em que consiste a paquera, vem se tornando cada vez mais difícil. Justamente no que diz respeito a identificar uma moça. Nada a ver com castidade: é com a assunção do gênero que se tem, mesmo!

Qualquer palavra mal dita, quero dizer, dita de forma mal interpretada, em relação a uma mulher, pode dar uma dor de cabeça enorme ao pretendente. Com todos os desdobramentos éticos e até criminais já inventados! Porque praticamente se convencionou o ato de fazer a corte como desrespeitoso; e ponto final.

Está aí um bom exemplo de que falamos e escrevemos pisando em ovos. Pensar está prestes a se tornar proibitivo. Fazer piada, um desafio quase inalcançável, já que a essência da graça está, exatamente, em marcar, de algum modo, a pessoa ou o grupo de quem se fala.

Grupos minoritários, por sinal, vêm tentando fazer valer a sua voz de modo nada legítimo, enclausurando a liberdade de expressão sob o argumento de que existe desrespeito em muito do jeito de falar que adotamos por tradição há bastante tempo. Embora não consigam provar onde está o desprezo tão apontado.

Será que não existe um exagero nisso tudo? Eu penso que sim. O jeito de reverter esse avanço, de forma inteligente e criativa, é com o bom humor. Como fez a Padaria Aveiro, na Zona Sul paulistana, identificando, na etiqueta da embalagem, o bolo nega maluca pelo novo nome de afrodescendente. Agora, que tenham os 'protegidos' a dignidade de aguentar a piada.

O Sindicato da Indústria de Panificação e Confeitaria do Estado de São Paulo classificou certos nomes tradicionais de iguarias como preconceituosos, racistas e machistas. Na lista estão ainda a maria mole e a língua de sogra. Banho maria, pelo visto, ainda deve ser permitido de usar.

Como é a sua percepção dessa tirania exercida sobre o modo de pensar das pessoas? Você também vê aspectos do controle social presentes nessas aparentes pequenezas que, na verdade, são ardis a serem minados?

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segunda-feira, 6 de junho de 2022

Ecobabaquices

segunda-feira, 6 de junho de 2022


Observo que o agronegócio brasileiro está sob ataque. E, não por acaso, a postura do atual governo com relação à Amazônia, também. Tudo de caso pensado e de maneira concomitante e coordenada. Somos acusados de destruir a Natureza para aumentar as áreas de pasto e plantio, tanto quanto do pretenso abandono da floresta, com o agravante do aviltamento da soberania dos povos indígenas.

O que estaríamos fazendo de tão errado, que nos torna dignos da execração pública de ambientalistas e chefes de governo, a priori, respeitáveis e ciosos de suas responsabilidades para com a grande aldeia global que habitamos? Somos mesmo esse país desprezível que essa gente, lá fora, e até filhos da terra, aqui dentro, condenam, de forma tão vil?

Quem critica, igual a quem desdenha, quer comprar?

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Está cheio de cientistas por aí, dando palpites em relação ao trato com os recursos naturais do Brasil. Lembram muito os especialistas de botequim que povoaram os estúdios de televisão, para aconselhar sobre o bichinho xinguelingue e as picadinhas que deveriam acabar com o bichinho xinguelingue, mas não acabaram com o bichinho xinguelingue, embora tenham acabado com um bocado de gente que acreditou que ficaria livre do bichinho xinguelingue.

Os cientistas de ocasião, galgados até a professores 'horroris causa', vêm emitindo todo tipo de senões, por uma razão ou por outra, ao verdadeiro trabalho técnico, bem feito, tocado por gente que estudou e sabe o que está fazendo. Lá no campo, que esses críticos parecem conhecer apenas pelos telejornais rurais da vida.

Por exemplo: bovinos são abatidos para que nos deem proteína e couro, o que é uma crueldade, sob a ótica desses especialistas; e também dos veganos (aliás, vi, dia desses, o anúncio de um 'sorvete vegano'; ora, se nem leite é permitido a esses adeptos, eu sequer me arrisco a imaginar como essa iguaria é feita). Mas, por outro lado, se esses bovinos não são abatidos, restam na Terra, reproduzindo-se e empesteando o ar com a perigosa flatulência, que nossa cientista Anitta 'Estácio de Sá' aponta aumentar os gases de efeito estufa em nossa atmosfera. 'Abater ou não abater, eis a questão', diria um nosso Shakespeare de Honório Gurgel.

Que bom que temos gente séria cuidando desse equilíbrio entre a picanha nossa de cada dia e os peidos de boizinhos e vaquinhas...

Por sinal, nesse aspecto do meio ambiente (ou do 'ambiente por inteiro'), enquanto aturamos críticas à tal destruição da Amazônia, temos a Alemanha dizimando florestas e vilarejos ancestrais para produzir carvão e intensificar o uso de termelétricas. Usinas atômicas sendo defendidas como amigáveis, vejam só, pelos 'verdes' da Finlândia! A Europa flexibilizando regras ambientais e agrícolas, para sobreviver. E americanos aumentando a produção de petróleo no Alasca, para prover o mundo de mais combustíveis fósseis.

Então, afinal de contas, quem está indo, de fato, de encontro aos sagrados mandamentos do planeta saudável, emanados, em muito, pela ciência do Velho Mundo?

A propósito, a título de informação e em meio a narrativas que escondem fatos importantes, a Embrapa (Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária) nos revela que a captura de gás carbônico na atmosfera é maior pelo cultivo de milho e soja do que por reflorestamento. Ou seja: plantar mata dois coelhos com uma só cajadada, provendo comida e protegendo o planeta.

Vejo que somos bons nisso, aqui no Brasil, embora não acreditemos muito no nosso próprio taco...

Na verdade, o que temos são 'ecobabacas', como já li na imprensa especializada, não enxergando que a pressão internacional 'contra o desmatamento' é, na realidade, contra o desenvolvimento do agronegócio no Brasil, que é um dos mais competentes do mundo! E pela cobiça das riquezas minerais da Amazônia. Só não vê quem não quer.

Uma das lutas que travamos, neste momento, dentro da dicotomia que opõe o bem ao mal, é exatamente essa, que diz respeito ao futuro do nosso país. Continuarmos a ser o celeiro do mundo, alimentado uma de cada cinco bocas no planeta, com o melhor aproveitamento da terra e possuindo taxas espetaculares de preservação de recursos naturais e geração de energia limpa, do mundo! Sempre com absoluto respeito a quem labuta no campo e lá vive, muitos dos quais desde antes de os europeus aportarem por essas bandas. Europeus que, por sinal, sempre foram bem-vindos à nossa casa.

Defender o Brasil, hoje, é lutar pela soberania que nos querem tirar, usando falsos pretextos para justificar os ataques contra os valores e as riquezas que pertencem aos brasileiros.

É nos imbuirmos disso, ou entregarmos o suor de todo um trabalho àqueles que já mostraram não ter qualquer compromisso com o país, tendo olhos somente para se apoderarem do que é nosso.

Você está preparado para cerrar fileiras na defesa das conquistas que já tivemos e daquelas que os tempos vindouros nos reservam? Você está com a gente?

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quarta-feira, 1 de junho de 2022

Conversar é preciso

segunda-feira, 30 de maio de 2022


Observo que as pessoas estão retomando os relacionamentos presenciais, ainda com um certo cuidado, às vezes, até, com alguma vergonha da clausura autoimposta. Mas, em todo caso, que bom que a vida fez a parte que lhe cabe e forçou a barra, para que as coisas voltassem aos devidos eixos.

A restrição quase absoluta à interação social foi um crime sem precedentes que se impôs à civilização, na pretensão de se estagnar uma gripe promovida, por autoridades de saúde - e por razões que ainda vamos conhecer em detalhe - a um apocalipse de proporções planetárias.

A propósito: em que nível você se anulou para a própria existência, se obrigando a fechar-se para o mundo, nesses últimos dois anos?

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Toda semana, sempre que posso, eu me permito frequentar uma das mais agradáveis redes sociais que eu conheço: a feira livre, montada numa praça perto da minha casa. O papo agradável com os feirantes já conhecidos, o aroma dos produtos expostos, as provas que nos são oferecidas, o alimento que levamos para casa... É um conjunto que me parece bastante harmônico e que eu conheço desde a infância. Quando, por sinal, a minha presença naquele ambiente dava-se por outra razão: minha mãe ia às compras e eu ficava brincando, com outras crianças, no playground, na Praça São Salvador, no Flamengo. Outra faceta da interação social propiciada pela feira de rua.

O comércio é uma das mais antigas atividades exercidas pela humanidade, cuja base é o próprio relacionamento entre pessoas. Novos meios de comunicação permitiram elementos intermediários nessa relação, colocando mais gentes nessa rede de gente. E a revolução digital expandiu ainda mais esses limites, tornando nossos computadores e telefones celulares verdadeiras vitrines, nas quais cabe o mundo.

Essa versão digital do comércio, contudo, trouxe um componente de impessoalidade a essa tratativa. Nas compras pela internet, a gente não fala com ninguém. Tudo é muito rápido, tanto quanto muito frio. É como se não houvesse mais ninguém nesse universo particular, em que estamos eu... E eu mesmo! Não se pode cumprimentar um atendente virtual com um Bom Dia, por exemplo. Ou pode-se, mas é uma coisa que nos faz sentir como malucos.

Desde criança, perdi o hábito de falar com pessoas de mentira. Eu até converso com o meu travesseiro (excelente conselheiro e confidente, por sinal); ralho com o corretor de texto do celular quando ele cisma de corrigir o que não é para ser corrigido; xingo o elevador que passa batido e me deixa plantado no corredor. E falo comigo mesmo, não admitindo ser interrompido nesse colóquio de foro íntimo. Mas, por favor, atendente virtual, especialmente aqueles que ganham nomes como Eduardo, Tomás, Alexa, a outra, 'Siri-gaita', isso, não!

A Organização Mundial que deveria ser da Saúde parece estar querendo emplacar um novo produto, em parceria com as Big Pharma. Igual àquele, criado há dois anos para matar as pessoas, de desgosto ou de solidão, sem perspectiva e sem amparo, trancadas em casa sem direito sequer a tomar sol na rua ou na praia. Se as pessoas tiverem aprendido a lição, não vão deixar isso acontecer de novo.

Redes de amizade, de coleguismo, de vizinhança, de radioamadores, sejam quais forem, funcionam como as redes de pesca, ou as redes de dormir, e com características bacanas: elas nos capturam, nos acolhem, fazem com que nos aconcheguemos a elas, nos ligam a outras pessoas, que possuem afinidades conosco. Rompem a solidão, aspecto no qual são importantíssimas para o equilíbrio emocional da gente. Às vezes, é para ser à distância, como no caso das ondas do rádio. Mas é sempre um prazer falar olho no olho, se for o caso à mesa, regando a conversa a café passado na hora ou um bom vinho.

Se navegar é preciso, e os intrépidos conquistadores portugueses nos mostraram isso lá no século 16, prosear também é. Muitos dos problemas que temos, se podem resolver com uma boa conversa. Afinal, fomos feitos para nos comunicar e trocar experiências e ideias.

Você também curte a companhia das pessoas, fazendo parte de grupos que se juntam, periodicamente, simplesmente para gozar a plenitude da vida? 

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