Observador do Planeta

domingo, 12 de junho de 2022

Polititicamente correto

segunda-feira, 13 de junho de 2022


Observo que o mundo anda chato e a vida em sociedade tem se tornado mais e mais chata, com a profusão de mimimis causados... Por pessoas chatas, de jeito chato e convicções frágeis; que se julgam ofendidas por tudo e por nada.

Gente que critica as pessoas pelo jeito que elas gostam de ter, o que, em nada, diz respeito aos outros. Ou, ao contrário: gente que é censurada por criticar algo que seja de fato pertinente, no outro. Ou, ainda, gente que se permite brincar com certas circunstâncias, e que acaba acusada de acossamento - o popular bullying, no Inglês.

O que provoca tanta falta de compreensão, em relação a nós e ao outro? Onde se esconderam a empatia, o senso crítico e a capacidade de fazer pilhéria com tudo e com todos? Agora é feio quebrar certas regras? Estamos deixando de ser humanos, tentando ser mais humanos do que deveríamos ser?

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O advento da praga do politicamente correto está entediando a humanidade. Talvez os metidos a certinhos, que criaram esse monstro, se policiem, até nos sonhos, para não cometerem os deslizes que eles arbitraram serem inadmissíveis de cometimento.

Qualquer coisa está sujeita a rótulos de estúpida, inadequada, errada, ilegítima... Escolha o adjetivo. As pessoas estão se policiando cada vez mais em relação ao que dizem e, até, ao que pensam! Por medo de ofender (e serem processadas judicialmente, em virtude do seu julgamento pessoal), ou de serem 'canceladas', palavrinha da moda que significa a execração definitiva do seio social.

Mas é provável que uma das mais estúpidas normas dessa tirania pretensamente normalizadora e moralizadora da sociedade seja aquela relacionada à simples abordagem, típica, da paquera. Para os mais jovens, que podem não estar ligando o nome à pessoa, é quando um rapaz demonstra interesse por uma moça, pelo simples fato de ela ser uma moça. É o que se tem tachado desonestamente de assédio, postura que não é sinônimo de corte ou cantada, que é do que eu estou tratando aqui. Claro que há cortes e cortes. Mas eu falo da corte elegante, inteligente, Que encanta quem é cortejado.

A corte também pode ocorrer inversamente, de uma mulher para um homem, por que não? Mas, enfim, trata-se de algo que pode, sob um ponto de vista mais radicalmente dramático, significar a própria perpetuação da espécie humana! Os opostos precisam se chegar, um ao outro, aliás um bem perto do outro, para que a mágica aconteça. Felizmente, outros animais estão à salvo da extinção, pelo menos nesse aspecto, já que não estão sujeitos a essa seleção natural tão burocratizada, como eventualmente enxergasse, com a devida vênia, o querido Charles Darwin. 

Hoje em dia, além de ter sido suprimida como importante etapa do relacionamento social que precede o namoro, que pode dar em noivado e casamento, essa tarefa, em que consiste a paquera, vem se tornando cada vez mais difícil. Justamente no que diz respeito a identificar uma moça. Nada a ver com castidade: é com a assunção do gênero que se tem, mesmo!

Qualquer palavra mal dita, quero dizer, dita de forma mal interpretada, em relação a uma mulher, pode dar uma dor de cabeça enorme ao pretendente. Com todos os desdobramentos éticos e até criminais já inventados! Porque praticamente se convencionou o ato de fazer a corte como desrespeitoso; e ponto final.

Está aí um bom exemplo de que falamos e escrevemos pisando em ovos. Pensar está prestes a se tornar proibitivo. Fazer piada, um desafio quase inalcançável, já que a essência da graça está, exatamente, em marcar, de algum modo, a pessoa ou o grupo de quem se fala.

Grupos minoritários, por sinal, vêm tentando fazer valer a sua voz de modo nada legítimo, enclausurando a liberdade de expressão sob o argumento de que existe desrespeito em muito do jeito de falar que adotamos por tradição há bastante tempo. Embora não consigam provar onde está o desprezo tão apontado.

Será que não existe um exagero nisso tudo? Eu penso que sim. O jeito de reverter esse avanço, de forma inteligente e criativa, é com o bom humor. Como fez a Padaria Aveiro, na Zona Sul paulistana, identificando, na etiqueta da embalagem, o bolo nega maluca pelo novo nome de afrodescendente. Agora, que tenham os 'protegidos' a dignidade de aguentar a piada.

O Sindicato da Indústria de Panificação e Confeitaria do Estado de São Paulo classificou certos nomes tradicionais de iguarias como preconceituosos, racistas e machistas. Na lista estão ainda a maria mole e a língua de sogra. Banho maria, pelo visto, ainda deve ser permitido de usar.

Como é a sua percepção dessa tirania exercida sobre o modo de pensar das pessoas? Você também vê aspectos do controle social presentes nessas aparentes pequenezas que, na verdade, são ardis a serem minados?

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Comentário simultaneamente publicado no Observador do Planeta e exibido em vídeo no YouTube, no canal InstantNews.1. 

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