Observador do Planeta

domingo, 11 de setembro de 2022

Mulheres que fazem a diferença

segunda-feira, 12 de setembro de 2022


O mundo perdeu, no último dia 8, uma mulher de importância indiscutível na História contemporânea. Uma figura de destaque em acontecimentos determinantes do planeta, que deixou impressa sua marca em 70 anos de reinado.

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Elizabeth Alexandra Mary, a Rainha Elizabeth II (ou Isabel II, nos termos como se referem os portugueses), Rainha do Reino Unido e dos Reinos da Comunidade de Nações, assumiu o trono em fevereiro de 1952, com 26 anos.

Com 19 anos, em 1945, a então princesa Elizabeth juntou-se ao Auxiliary Territorial Service (Serviço Territorial Auxiliar, em tradução livre), um grupamento de mulheres que serviam como voluntárias em funções variadas para o exército britânico. A família real foi aconselhada, na época, a se refugiar do conflito mundial no Canadá, com o que não concordou, mesmo sendo Londres uma cidade extremamente visada pelos bombardeios nazistas. Mais do que simplesmente não deixar o país, Elizabeth cerrou fileiras no campo de batalha da Segunda Grande Guerra, o que explica e justifica a inquestionável admiração do povo britânico por ela.

Em 1947, casou-se com o Duque de Edimburgo, com quem viveu por 73 anos, um amor de infância que ensejou troca de cartas desde seus treze anos de idade. O casamento, o primeiro a ser televisionado na História, contrariou a opinião dos conselheiros reais, que não achavam o noivo, Philip, Príncipe da Grécia e Dinamarca, um homem à altura da responsabilidade de ser o marido da futura rainha. Tanto por sua origem estrangeira, quanto pela existência de parentes alemães, inclusive suas três irmãs, que não foram convidadas para a cerimônia.

A monarca mais longeva da história da coroa britânica passa para a posteridade como uma digna representante do que deveria ser entendido como feminismo. 'Deveria', se feminismo fosse compreendido no âmbito de feitos verdadeiramente importantes, empreendidos por mulheres, que engrandeceram a humanidade.

Propôs-se ao desafio de viver a guerra de perto, encarou com firmeza o destino de comandar seu país, enfrentou a resistência tentada impor à sua escolha particular, para a vida conjugal. Foi, por esses e tantos outros feitos, uma mulher forte, ciosa da responsabilidade de ter seu nome inscrito na História.

Nem todas as ações de mulheres de destaque no mundo de hoje estão em sintonia com a causa do seu autêntico fortalecimento social ou político, que o neologismo 'empoderamento' tem a pretensão de significar.

Como, também, vários feitos históricos em benefício das mulheres, indistintamente realizados por mulheres ou homens, acabaram sendo mal interpretados e até rejeitados, por muitas delas. Há um exemplo que me parece bastante emblemático, de anos atrás, trazido à baila pelo Papa Emérito Bento XVI.

Em 8 de março de 2009, um Dia Internacional da Mulher, o L'Osservatore Romano, jornal oficial do Vaticano, publicou uma reportagem com o título: 'A máquina de lavar e a emancipação da mulher'. Contra o teor da matéria, que defendia o eletrodoméstico como verdadeiro símbolo de libertação feminina, vieram reações raivosas, indignadas ao extremo, defendendo como emancipadoras outras realizações, como o trabalhar fora, o acesso à pílula anticoncepcional e a liberalização do aborto.

Bento XVI foi alvo dos piores deboches por parte da mídia mundial. Na TV Globo, o domingo facilitou que se compusesse uma vinheta, veiculada a cada intervalo comercial do Fantástico, para introduzir opiniões de 'especialistas' - aqueles que a gente conhece bem, garimpados nos botequins da vida - sobre o assunto. Uma deputada do parlamento italiano chegou a dizer que o jornal deveria 'discutir a realidade, como o medo que as mulheres sentem quando estão nas ruas ou entre as paredes de suas próprias casas, em vez de entrar num debate abstrato sobre o sexo'.

Pouca gente conseguiu assimilar o que a reportagem pôs à mostra e, assim, o ridículo proposto pelos argumentos (ou pela falta deles!) da geração Paulo Freire, aquela que é incapaz de uma interpretação de texto das mais básicas, calou a discussão. Pena que nem professores de História, que deveriam conhecer como caminha a humanidade, se mostraram aptos a iluminar o caminho do pensamento, nessa hora.

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A rainha dos memes da internet, lembrada sempre exatamente por sua longa experiência de vida e participação em vários dos momentos importantes da História, nos séculos 20 e 21, saiu de cena. Chegou o seu tempo, como acontece com todos. O que vem à mente, quando nos damos conta dessa perda, é torcer para que, cada vez mais, se destaquem, em sua real importância, mais mulheres com o mesmo brio e igual talento. Que surjam novas 'Elizabetes', no mundo, para ensinar um pouco da sabedoria e da arte de ser uma grande dama.

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Comentário simultaneamente publicado no Observador do Planeta e exibido em vídeo no YouTube, no canal InstantNews.1.

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