Observador do Planeta

domingo, 15 de maio de 2022

SOS Rio

segunda-feira, 16 de maio de 2022


Observo que a eterna capital do Brasil vem vivendo um processo crescente de degeneração, que autoridades municipais e estaduais não estão sabendo (ou não vêm tendo interesse em) reverter. Da segurança pública à mobilidade urbana, da política mesquinha à destruição do seu patrimônio cultural, praticamente nada escapa a uma espécie de sanha destruidora, que vem matando pouco a pouco a cidade e minando a alegria e o prazer de viver dos nativos dessa terra de mar e montanhas de tirar o fôlego.

O Rio importa ao Brasil, tanto quanto importa-se com ele. Sempre foi assim. É como se todos os brasileiros fossem, um tantinho que seja, cariocas, no desejo de copiar o sotaque, na música da Bossa Nova, na paisagem do Cristo Redentor. Somos o povo que recebe bem todos os povos e que é bem recebido por todos, da mesma forma. Temos uma alegria de viver digna de poucos e um poder de superação enorme, que tem que ser o que os mantém vivos.

Contudo, enfrentamos uma triste realidade, razoavelmente bem disfarçada no sorriso que a gente consegue mostrar no rosto, apesar de tudo. Mas, até quando?

...

Falar do Brasil é falar da Cidade de São Sebastião do Rio de Janeiro. Que foi, por 197 anos, a capital do país, tendo sido também a única capital da um reino europeu fora da Europa, quando acolhemos a trupe de Dom João VI, após a invasão napoleônica a Portugal. E, com todas as transformações sofridas, é a cidade que continua sendo a maior referência do Brasil no exterior.

A despeito da transferência do Distrito Federal para os confins do Planalto Central, a partir de um ardil tramado por Juscelino na votação do projeto da criação de Brasília, e, quinze anos depois, de um outro golpe, o da fusão da Guanabara com o antigo Estado do Rio, a Cidade Maravilhosa resiste. Às vezes com falta de ar, quase intubada em seus hospitais precários de recursos e infraestrutura, com os sinais vitais perto da falência múltipla. Outras vezes, deprimida com a miséria plantada em seus morros e vales, pela demagogia e pelo mau uso do dinheiro do contribuinte.

Porém resiste.

Um dos marcos notórios da degenerescência do Rio, dentre tantos dos quais se poderia lembrar, foi a lamentável passagem de Leonel Brizola como governador fluminense. Por duas, mais lamentáveis ainda, ocasiões. A decisão do iluministro Edson Fachin, de reservar as áreas conflagradas para domínio da bandidagem, sem a permissão da entrada do Estado, leia-se, Polícia, em proteção da população ordeira, não é ideia original do homem de toga: o caudilho gaúcho, na defesa do bandido-cidadão-eleitor, também proibiu a autoridade de segurança de entrar em favelas. Aliás, mais do que isso, Brizola patrocinou a favelização do Rio, numa política de omissão balizada por uma frase do seu aliado e vice-governador Darcy Ribeiro. O 'professor' dizia que 'favela não é problema, é solução'. Isso fez com que hoje, tivéssemos milhares de 'soluções' espalhadas pela cidade.

Foi outro aliado seu, por sinal, Saturnino Braga, prefeito nomeado da capital, que declarou a falência do Rio, em setembro de 1988. Naquele mesmo ano em que, em janeiro, a cidade sofreu uma de suas mais avassaladoras enchentes. Um ano depois, perdemos as corridas de Fórmula 1 graças a uma tentativa de negociata de Brizola para obter fundos para sua campanha à presidência. A Federação de Automobilismo não apenas disse não, como tirou da cidade o direito de sediar provas de 1991 em diante. O ex-prefeito César Maia confirma essa trama.

Brizola pertencia a uma linhagem que começou com Getúlio Vargas e fez, depois, a sua própria, que nos assombra até hoje. Dela fizeram ou fazem parte Marcello Alencar, César Maia e Eduardo Paes, o prefeito da Copa do Mundo e dos Jogos Olímpicos, que vive atualmente, em seu terceiro mandato, o trágico day after daqueles inebriantes dias de obras, inaugurações e dinheiro fácil, que irrigou investimentos em aço... E também em ouro.

O socialismo moreno de Brizola e o padrão FIFA das obras de Paes bagunçaram o coreto do Rio. Mas vamos colocar o ex-governador Sérgio Cabral e o descondenado 'noivo do ano' nessa conta, também, que esses louros eles merecem dividir. Hoje, temos um aeroporto internacional sucateado, apesar de concessionado, isolado da mobilidade do restante da cidade. Um Centro deteriorado, uma rede de transportes desorganizada e promessas de investimentos nas duas principais estradas de acesso à cidade não realizadas - as novas subidas das serras, na Rio - Petrópolis e na Rio - São Paulo. Deprime andar por certos locais dessa terra tão linda, vendo o que os nossos homens públicos fizeram com ela.

Mas que bom que algumas luzes brilham no fim do túnel, contudo. A privatização da companhia de águas e esgoto traz a reboque o compromisso da despoluição da Baía de Guanabara, que deve deflagrar investimentos, ações e obras que contribuam para levantar o astral. Um recomeço. Uma perspectiva. Algo em que nos apegarmos, para subir à tona e renovar o fôlego. Resgatar o que é nosso, que queremos ver de volta a quem de direito.

Fechando o assunto, um lembrete: este ano, temos que escolher um novo governador para o Estado do Rio. Uma boa chance para uma boa escolha.

E você? Também quer enxergar novos tempos para o nosso Rio? 

...

Comentário simultaneamente publicado no Observador do Planeta e exibido em vídeo no YouTube, no canal InstantNews.1. 

Nenhum comentário:

Postar um comentário