Observador do Planeta

segunda-feira, 25 de abril de 2022

Eu quero você!

segunda-feira, 25 de abril de 2022


Observo que a briga pelos votos dos extremos do espectro etário dos eleitores habilitados no Brasil está bastante acirrada. Muitos candidatos estão em busca dos votos dos menores com 16 e 17 anos e dos daqueles acima de 70 anos, os dois grupos que têm a prerrogativa de votar ou deixar de votar.

Os jovens eleitores, menores de 18 anos de idade, não chegam a representar 1% do total, segundo dados do mês passado, do TSE. Já os maiores de 70 anos são quase 9% do eleitorado. Desde que foi regulamentado o voto para eleitores na faixa dos 16 e 17, a corte eleitoral faz campanha pelo engajamento desse público ao processo.

Curiosamente, nunca se conclamou, com marketing semelhante, o contingente dos veteranos. E, neste ano de ativismo político de magistrados um tanto exacerbado, como nunca se tinha visto antes no país, o conservadorismo predominante dos eleitores mais velhos parece ser algo desinteressante, ou mesmo inadequado. Uma iniciativa que, para muitos, não deve ser fomentada.

Mas não se deveria chamar a todos, sem distinção, para manifestar suas preferências nas urnas? Não era esse o espírito da democracia?

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As eleições no Chile, no final do ano passado, acenderam o sinal de alerta para a gravidade da abstenção. Havia uma indefinição quanto à disputa, sem uma previsão mais acurada sobre quem seria vencedor. José Antônio Kast, mais à direita, chegou a ser apontado como possível presidente, mas o jogo aparentemente virou e acabou sendo aclamado o candidato da esquerda, Gabriel Boric. Um novato, que precisava fazer aniversário antes de ser empossado, já que ainda não contava 35 anos. Um ex-líder estudantil, de pensamento 'socialista', enfim, uma espécie de cruzamento de Lindberg Faria com Guilherme Boulos, para que entendamos melhor.

Foi a surpreendente abstenção, de 53%, mais da metade do eleitorado, portanto, que acabou dando a vitória à esquerda. E o mais contundente: num cenário em que a Assembleia Constituinte havia acabado de votar a desmilitarização da Polícia, uma proposta da Comissão de Direitos Humanos da Convenção Constitucional, para substituir os Carabineros, a Polícia ostensiva chilena, por uma 'instituição controlada por civis, com enfoque cidadão'. Como se a instituição policial não fosse cidadã.

Eu diria que um horizonte sombrio começa a se avistar, por cima dos picos gelados dos Andes, naquele outrora bom exemplo de país com Economia e democracia bem estruturadas.

Aécio Neves, por sinal, numa estranha mistura de sensatez e sinceridade, disse, num debate do segundo turno do pleito em que perdeu para Dilma Rousseff, reeleita, que temia pelo voto facultativo no Brasil, porque considerava que o povo não estaria pronto para exercer eficientemente suas escolhas. A abordagem era exatamente essa: a de que as pessoas ditas de bem, não querendo se meter com a má política, se absteriam de votar em grande proporção, abrindo a brecha para que gente de má índole fosse eleita, graças à sua boa capacidade de mobilização.

Mas, voltando ao Brasil de 2022, um outro fato, que não somente a cativação de jovens eleitores, saltou aos olhos das pessoas, movimentando inclusive parlamentares como a Deputada Carla Zambelli. Entre providências mil tomadas pela Justiça Eleitoral, após a eclosão da peste chinesa, antes das eleições de 2020, aconteceu a suspensão 'automática' de títulos de eleitores em virtude da revisão do eleitorado, promovida em 2019. Com a crise sanitária, que fez com que os atendimentos da Justiça Eleitoral fossem prejudicados, inviabilizando a regularização decente do cadastro de eleitores, estimou-se que cerca de 7 milhões de brasileiros pudessem vir a ser privados de exercer o seu direito a voto, este ano! Um absurdo a ser debelado.

Então, o tal cancelamento foi cancelado. Ou seja, 7 milhões de votantes, quase 5% do eleitorado, foram reabilitados e poderão votar, sem problema, em outubro próximo. Apenas comparando, um número de eleitores equivalente ao número de votos cancelados, dados como irregulares nas eleições de 2018, que poderiam ter decidido a votação para presidente da República em primeiro turno.

O eleitor recém-habilitado faz parte de um grupo bombardeado pela propaganda canhota, disseminada em escolas e universidades, com poder de convencimento bastante atrelado à aceitação do jovem pelo seu círculo de relacionamento. Uma aposta dos partidos socialistas, em especial para quem ainda não tem a cabeça feita e pode tê-la aprisionada pelo malfadado ideário comunista.

Por outro lado, o eleitor veterano é aquele cascudo, que já viveu vários acontecimentos decisivos da História do país, tem maior capacidade de avaliação do momento político e, em razão disso, tende a mostrar-se mais conservador, não sujeito a aventuras.

Dois tipos preciosos de cidadão, cuja opinião expressa nas urnas pode fazer toda a diferença para o futuro do Brasil. Não à toa, estão na berlinda.

Você observa esse mesmo assédio nos grupos de pessoas com quem se relaciona e convive?

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Comentário simultaneamente publicado no Observador do Planeta e exibido em vídeo no YouTube, no canal InstantNews.1.

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